O Mundo Cão
O que é o homem senão a vontade de ser livre! O que é a liberdade senão a liberdade!
Sonho de liberdade, é isto que move a vida, é por este sonho que somos consumidos, que somos exauridos da existência na vã persistência de crer. Não fazemos pela necessidade, fazemos pela boa vontade humana em sobreviver. Algumas mortes são e serão sempre necessárias para a sobrevivência da espécie e, deste que não seja o “eu” ou os “meus”, que morram aos milhares. E o que é permitido então a um homem?
A um homem é permitido uma morte lenta e uma vida sofrida, ou seja, morrer nos braços da liberdade e viver nas brumas de um sonho. Este aforismo inefável que carregamos em nosso ser nos doma o espírito e nos dobra o sentimento à mera necessidade da sobrevivência sem a existência.
Esta sensação louca de liberdade trazida pelo vento que acaricia a face é tão ignóbil que nos arranca a sensibilidade agradável do mofo das celas. Cheiro este, que arde às narinas e causa ânsia, incomodo que trás inquietude, inquietude que alimenta a revolta, revolta que impulsiona a mente, mente que quando não mente a alma alivia o espírito.
Alegrias, alegrias... Por onde andara estes elfos travessos que causam caos a ordem. São estes responsáveis por ridicularizar o belo, por zombar do poder e por queimar os cifrões.
Oh mundo cão! Antes brigavas pelas sobras dos manjares sobre a mesa do patrão, e agora, como seu melhor amigo, adestrado, é o cão do mundo, vive a água e ração. Mas hoje, o que se vê nas matinês dominicais são fogueiras com seus “pixels” de definição onde se joga o resto do humano como sobra aos cães.