Era uma vez...

“Era uma vez um gato xadrez

Entrou pela porta

Saiu pela janela

quer que conte outra vez?”

Papai era carinhoso e brincalhão, mas não sabia – ou não gostava - de contar história para crianças. Quando lhe pedíamos, era sempre assim que começava, para logo acabar. E eu ficava intrigada com o gato xadrez... Não tínhamos gato em casa, eu os conhecia de longe, porém jamais tinha visto um quadriculado. Tampouco fazia a menor idéia da existência de escoceses no mundo, nem eram comuns essas roupinhas para animais de estimação. Se fosse hoje em dia, imaginaria logo um gatinho de bermudas, ou talvez até de kilt...

Muita gente gosta de gatos. Acho-os bonitos, peludos e dengosos que são, cheios de nove horas. Mas confesso que tenho por eles certa antipatia, me parecem traiçoeiros, de repente podem dar um salto e me arranhar. Não me levem a mal, extrapolei, fui eu quem deu o pulo e passei a falar de outras coisas que não têm nada a ver com a história, aquela do “era uma vez”...

Aliás, não é só uma história, todas, longas ou curtas, podem começar desse jeito, com essas palavrinhas mágicas que abrem as portas da imaginação...