__LÁGRIMAS INOCENTES__
Hoje voltou a chover e a água ocupou todos os comodos.
Faz frio, muito se perdeu, não somente os bens materias,
também a dignidade.
As pessoas se uniram na tarefa de salvar o pouco que a
água não carregou.
Mas estão famintas e exaustas, noite e dia em vigilia para
que a água não leve vidas inocentes.
A ajuda prometida tarda, a fome chega a doer e o desespero
já esta presente como se o amanha fosse ilusão.
O frio atravessa a carne tocando a alma.
Mãos gélidas, trêmulas no ardo trabalho de limpar e salvar os
poucos pertences que á agua não levou.
Pés desprotegidos em meio água suja e mal cheirosa, garimpan-
do espaço.
Face marcada, corpo cansado, chuvas intermináveis carregando
sonhos, desabrigando seres.
Crianças choram a dor da perda, o roubo da vida e adultos se si-
lenciam num pranto velado suas tragédias.
E não distante dali a cidade prossegue com suas luzes multicolo-
ridas, com pessoas apressadas e atribuladas com os afazeres na-
talinos.
Enquantos muitos choram a dor do abandono, a batalha pela luta
da vida, esta mesma vida prossegue anunciando prospero Natal.
-Sallita-