JADE

JADE

Ela não era só uma pedra rara. Era uma mulher rara.

Jade sempre quis ser prostituta. Era seu desejo de criança.

Era um charme, uma coisa fantástica desfilar com roupas mínimas pelo calçadão durante as madrugadas silenciosas e frias.

O chão salpicado de todas as imprecações proferidas durante o dia estava agora inerte, pronto para recepciona-la.

Ela seduziria todos os machos. Despertaria a fantasia dos homens mal amados, dos jovens inexperientes, dos velhos movidos a Viagra.

Faria inveja às moças menos bonitas.

Queria sacudir as coxas polpudas, mexer com os quadris alternadamente.

Até que uma torrente de espermas lambuzasse suas pernas.

Aí se despediria do empresário

Que lhe entregaria como recompensa um maço de cédulas.

Penetrada por uma dúzia de pênis compridos, grossos, brancos, pretos, asseados, malcuidados ela não dormiria depois da longa noitada.

Tocada por empresários, cheirada por traficantes, babada por velhos ela tentou regurgitar as torpezas ingeridas durante a noite.

O sangue coalhado estacionou na goela. A boca seca sequer articulou um gemido.

E ela caiu sobre o sofá como uma pedra bruta.

A preciosa Jade não era mais que um tosco pedaço de granito.

JOEL DE SÁ

10/09/2009.