Sem sexo - Apenas garçons
Vincent Benedicto



Quem se interessa pela vida dos ricos ingleses? Se o escritor for Wodehouse, até o baixo meretrício de Copabacana ou da rua Augusta em “Sampa”, ganharia aromas agradáveis. “Wodehouse descobriu as possibilidades cômicas da aristocracia inglesa”, definiu com exatidão George Orwell (1903-1950)... E ficamos a desejar, apenas, uma poltrona confortável, roupas alinhadas, bebidas, mesa farta, acepipes antes do jantar e aquela maravilhosa sensação de dever não cumprido, que costuma encher de alegria todos que se dedicam com afinco ao ócio contemplativo.
Jeeves e Wooster são as grandes criações de Wodehouse. São protagonistas de onze romances e 33 coletâneas de contos, num total de mais de noventa livros publicados. E por mais que o escritor britânico repita a fórmula (Wooster tenta ser mais do que efetivamente é; cria ou se enfurna num problema; recorre sistematicamente à Jeeves – o mordomo – que não raramente salva o patrão), a suavidade, o frescor, a tolice ingênua de suas criações, além das situações mirabolantes em bares, casarões e casas de campo, nos conduzem a uma esfera de prazer renovado. Nada de gargalhadas insanas e embriagantes. Wodehouse nos solicita gentilmente um sorriso que nos escapa pelo cantinho esquerdo da boca depois de reverberar desatinado pelo plexo solar.
Mas a narrativa de hoje, não é ficção e não tem nada a ver com Wodehouse. É realidade ou eu diria até que é um "Reality Show".

Em notícia publicada pelo Reusters de Londres, li uma reportagem sensacional.
Esqueça a imagem do mordomo britânico como o ideal de discrição e decoro. (risos).

A "Butlers in the Buff" (ou "Mordomos pelados") se mostrou uma empresa de tanto sucesso -- com seus garçons seminus -- na Grã-Bretanha que agora resolveu oferecer seus serviços de "pedido de homens" no mercado mundial.
A empresa -- cujos garçons vestem apenas gravata-borboleta, colarinho mangas de camisa e um avental que deixa as nádegas à mostra -- é fruto da imaginação do ex-membro da Marinha Real Jason Didcott, que se transformou em um empreendedor após servir no Golfo e na Bósnia.
Determinado a encontrar uma alternativa de bom gosto aos strippers e dançarinos, ele formulou regras estritas -- cada garçom passa por uma supervisão policial rigorosa e os clientes são aconselhados veementemente a manter suas mãos longe dos mordomos.
"O que estamos procurando é um James Bond com roupas de mordomo. Queremos que eles sejam descarados, mas limpos", disse Didcott.
"Ao fim da festa, eles podem tirar uma foto com o mordomo, mas isso é o máximo que (os clientes) podem fazer. Se beberam muito vinho e tentam tirar o avental, o mordomo diz 'Não toque"', acrescentou.
"Queremos tipos bonitos, charmosos, cavalheirescos. Na entrevista, checamos apenas a parte superior do corpo. Confiamos em suas nádegas".
Os garçons prontamente admitem o nervosismo da primeira noite -- mas, rapidamente, o dominam.
O mordomo Dan Atkins disse: "Amo o trabalho. Não poderia pensar em uma maneira melhor de ganhar dinheiro. No começo, você fica nervoso, mas logo esquece que seu bumbum está à mostra e continua a servir bebidas e a conversar com as pessoas".
Didcott -- e seus sócios Will Jones e Stacey Lynn -- tem 75 mordomos em tempo parcial em seu catálogo para servir festas somente para mulheres, cerimônias corporativas e recepções de casamentos gays -- um mercado de crescimento rápido.
Os mordomos variam de atores, dançarinos e estudantes a personal trainers e até um hipnoterapeuta. "Estamos desesperados para encontrar mais. Nunca temos o suficiente", ele disse.
Didcott agora está pronto para expandir os horizontes da Butlers in the Buff.
"Temos um modelo de negócios que queremos transformar em franquia. Recebemos um monte de ligações de pessoas passando por Londres que nos disseram que estariam interessadas. Estou pensando na América do Norte, Austrália e África do Sul como primeiras paradas".
Mas Didcott -- que, ao inaugurar a empresa, fez a primeira festa gratuitamente como um dos mordomos seminus -- rejeita qualquer possibilidade de desfilar novamente.
"Com 37 anos, passei do ponto no que se refere a ser mordomo. Meu bumbum se aposentou três anos atrás".

Inspirado na reportagem, liguei para um amigo empresário, e sugeri a ele uma inovação de mercado. Um restaurante ou um Pub, que ao invés de garçons, garçonetes ao estilo dos mordomos ingleses, onde elas – as garçonetes – usariam apenas um avental frente única sem nada por baixo.
A idéia emplacou no ato. Willian – meu amigo empresário –deu-me a incumbência de contratar as meninas, enquanto ele – em tempo Record – preparava o novo Pub. Aceitei o desafio sem contestação. Defini alguns critérios para o recrutamento das candidatas e comecei. Em menos de 10 dias tínhamos um verdadeiro harém à disposição para o trabalho. 
Alguns dias após a inauguração – como mostra a imagem acima – o movimento é tanto que não temos mais espaço para acomodar tantos clientes.
Se a moda pegar...



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Vincent Benedicto
Enviado por Vincent Benedicto em 18/07/2006
Reeditado em 19/07/2006
Código do texto: T196974