DECIFRA-ME OU TE ENROLO!!!
- Afinal, quem é você?
A pergunta foi assim, direta e sem escala, na minha cara. Detalhe: faço análise há anos para descobrir quem sou (e em tempos de crise existencial até se sou ou não sou, eis a questão!) e esta pessoa surge do nada e quer saber! Enfim, conversamos uma vez na vida! Explico! Comparecemos a um jantar e a anfitriã teve a feliz idéia de colocar as pessoas que não se conheciam juntas!
Creio que assim democratizava a sensação de deslocamento. Todos na mesa não tinham a menor noção de quem era quem ali!
Costumo ser extrovertida socialmente até a página dois. E se houver vinho à mesa, melhor se preparar. Eu falo demais. Até a página dois mil.
Entretanto, falar muito pode ser uma ótima maneira de não dizer NA-DA! E principalmente sobre mim mesma.
No fundo, não creio que seja reserva. Minha vida é bem comum. Comum demais para despertar o interesse de quem quer que seja. Não sou nada além de uma pessoa que adora escrever, ama cinema e entre uma coisa e outra vive. Quer dizer, a gente tenta!
Por isso, quando ele perguntou novamente: - Afinal, quem é você? - Respondi:
- Sou visionária! Acabo de descobrir uma maneira para coibir a corrupção! Vou propor a abolição do uso de cuecas e meias!
Ele riu por educação (o que é uma grande qualidade!) e tentou mais uma vez. Diante de seu desespero para conversar com alguém naquela mesa, disse:
- Decifra-me ou te enrolo!!!
(*) IMAGEM: Google
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