Como fui corno de mim mesmo

No primeiro ano do século XXI, eu consegui um fato histórico: Fui corno de mim mesmo. Tudo por eu levar ao pé da letra um dito popular: A curiosidade matou o gato!

Assim sucedeu-se: No meu primeiro relacionamento amoroso, com tenros 16 anos, o que eu mais tinha eram ciúmes. Muito ciúme, pouco amor e nenhuma confiança. Todo mundo dizia que eu era paranóico, mas eu sempre acabava descobrindo um monte de pequenas mentiras que me faziam perder a cabeça, tipo, “tu já fumou cigarro?” ou “tu vai na Sogipa sem eu saber?” e eu ficava fulo!! Falava coisas escabrosas, na frente de todos, humilhava-a. Felizmente fiz merda o suficiente pra ver que não era por aí, mas no meu relacionamento conseguinte acabei sendo capacho demais, acreditando em tudo e tomando guampa, mas isso é outro problema.

Mas sempre que eu a apertava, essa primeira namorada, ela cuspia. Não segurava a mentira por muito tempo, e esse é o pior defeito de um mentiroso, não manter a mentira até o leito de morte. Mas é isso, quem procura acha. Como naquela época, anterior ao mIRC, ao ICQ e anos luz do MSN, o canal virtual que tínhamos pra conversar era o chat do Terra. Combinávamos uma sala e lá entrávamos, só nós. Porém, eu me achava muito astuto, famoso “malandro agulha”, eu entrava com dois navegadores diferentes, assim podia entrar como duas pessoas no chat. Um dia, fiz de conta que o meu Eu ali havia lhe caído à conexão, e deixei meu pseudônimo “trovando” minha namorada. E ELA DEU TRELA! Eu ia ficando enraivecido. Busquei uma foto em algum site, um cara bonitão, sorriso aberto, eticetra e tal, e marquei um encontro com ela na Sogipa, pronto pra provar meu argumento: Que eu era um imbecil completo. Sim, por que quando ela lá chegou, eu não tinha o que dizer. Fui cheio de razão, dizendo que ela era uma traidora, uma vassala, uma perfila, uma meretriz, apontando dedos e tudo mais. Ela só disse:

- Como tu é idiota.

E girou nos calcanhares, saindo batendo o salto pelas escadas da sede social da Sogipa. Mas eu confirmei a traição, mesmo que ela não tenha sido consumada. Em poucas horas virei corno de mim mesmo. Da condição de oficial no namoro passei à condição oficiosa. Havia um chifrador e um chifrado na mesma sala, e apenas um Fábio na sala.

O que ficou de lição foi: Se tu tens medo da resposta, não vá atrás perguntando. Já dizia o velho House, todo mundo mente. Não da pra confiar em ninguém, nem em ti mesmo...

Fábio Grehs
Enviado por Fábio Grehs em 09/12/2009
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