O Paraíso

Não é em Adão e Eva que estou pensando, nem em paraísos amorosos. Tampouco daquele outro lado da vida... O que me veio à mente foi o bairro de S.Paulo, que me levou a matutar sobre seus nomes em geral.

Pacaembu, de origem indígena, é o riacho das pacas. Tatuapé, a trilha dos tatus e Jabaquara, esconderijo do fujão, foi local de antigo quilombo. Ibirapuera, a mata que foi mata e já não existe mais, hoje é parque ajardinado.

Morei muito tempo nas Perdizes, esse é fácil, certamente havia perdizes na região. Vivi uns anos em Santa Cecília, onde há uma igreja a ela dedicada, mas não sei quem chegou primeiro. De Higienópolis ouvi dizer que por estar no alto, era local arejado, bom para a saúde. E o Jardim da Saúde, tão distante, deve ser por isso que assim também se chama. A Liberdade devia ficar colada ao Ipiranga... Do Sumaré se chega à Pompeia, com sua Vila Romana de nomes pomposos: Roma, Scipiano, Spartaco, Clélia, Coriolano, Caio Graco. Além da praça Cornélia. O bairro do Limão e a Casa Verde sempre me intrigaram. Barra Funda e Água Branca são mais compreensíveis. Já os Campos Elíseos em nada lembram os famosos Champs Elysées... Mamãe dizia que ali havia muitos palacetes em estilo francês.

E por fim, a própria São Paulo de Piratininga recebeu esse nome por causa do riacho Anhangabaú (das diabruras) que sempre transbordava. Passadas as cheias, ao secar-se, deixava peixes expostos ao sol. Pira é peixe; tininga, seco.