Essa coisa chamada vida

Essa coisa chamada vida.

Há certos tipos de gente, acho até que deveria ser classificado o ser humano não quanto ao sexo, ou tipo sanguíneo, mas quanto a espécie de ser humano. Deveria ser criada uma sub-divisão do reino animal para classificar esses estranhos seres que convivem conosco dos quais eu também não ousaria me excluir.

Somos todos estranhos, se não temos problemas arrumamos um, se os temos queremos que acabem, se temos um amor queremos outro, se não temos sofremos também, afinal o ser humano é o único animal que nunca está satisfeito com nada que tem.

Defino então que eu mesma criarei minha própria classificação para nós, seres humanos e me guiarei por ela classificando a todos os que conheço em três categorias distintas, não necessitando do consentimento nem da aprovação de nenhum conselho de biologia nem de nenhuma outra categoria que a torne oficial. Faço para mim mesma e que a use quem quiser.

Para mim existem os seres humanos da terceira categoria, a dos semelhantes. Esses são aqueles que apenas convivem com a gente, o homem da padaria, a vizinha de baixo, essas pessoas que cumprimentamos por educação, que se por acaso vierem a morrer vamos dizer um sentido: “Ah... mas tão jovem!” Seguido de um sincero: Que horas fecha o banco heim?

Pessoas que não fazem falta, a quem a gente também não deseja mal algum mas... são só pessoas.

Existe a segunda categoria, a das pessoas com as quais convivemos por fazerem parte da nossa vida, aquelas a quem nem sempre amamos, mas as quais nos acostumamos, como a um velho hábito, como escovar os dentes, se faltar sentimos um certo constrangimento mas nada que nos faça morrer, como alguns maridos, como algumas sogras, como alguns amigos, como todos os cunhados e cunhadas afinal esses são sem dúvida nenhuma todos indesejáveis salvo raras exceções das quais nunca ouvi falar.

E existe ainda a primeira categoria de pessoas, a menor e a meu ver a única que deveria existir na vida da gente, mas se as outras não existissem a nossa vida não seria tão complexa e esses da primeira categoria não seriam tão especiais.

Esses são os que realmente fazem a gente chorar e rir com intensidade, é com eles que passamos os melhores momentos da vida, os inesquecíveis e os que realmente moram na memória, é deles o nosso melhor sorriso e o nosso mais sincero abraço, eles merecem lágrimas que valham a pena, aquelas grossas, esses precisam de um colo de verdade, a esses damos a mão toda não só a pontinha dos dedos, neles confiamos, por eles suspiramos... Amigos de verdade, maridos de verdade, filhos de verdade, amores pra vida toda.

Gente de primeira categoria, gente que sente a mesma coisa que a gente, gente que eu queria perto todo dia, muito mais que o homem da padaria, ou a vizinha de baixo.

Gente que não liga se você ta de mau humor, porque ama você assim mesmo, porque sabe que um só dos seus sorrisos vale por dez rugas na testa, gente que a gente ama e nem sabe porque, que a gente escolhe pra fazer parte de uma parte bem especial da vida.

Queria tê-los mais perto, queria ligar a toda hora que desse vontade, queria não, quero, abraçar e nunca mais soltar, apertar sem pensar se vai ou não machucar.

Não sei se faço parte da primeira categoria da vida de alguém, mas de uma coisa tenho certeza, tem pouca gente no primeiro lugar do meu pódio, talvez menos que se caiba nos dedos de uma mão, mas por esses poucos vale a pena essa coisa chamada vida.

Gê Flor de Pitanga
Enviado por Gê Flor de Pitanga em 09/12/2009
Código do texto: T1967896
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