Aos Loucos...

Aos loucos...

Sabe quando as coisas acontecem e a gente não pode fazer nada pra mudar? È uma sensação de impotência sem precedentes, porque foge do nosso controle o caminhar das situações.

Dá raiva, medo, sentimento de vazio, é exatamente como se existisse algo que escorregasse pelos nossos dedos. Não ter o controle é algo que realmente me tira do sério. Sei que isso não é certo, sei que não é sadio nem maduro, mas é exatamente o que sinto, um quase desespero por não dominar as situações que me rodeiam.

Eu vi o filme click e sei que o tal controle remoto que nos permitiria controlar o mundo todo seria inútil, pois afinal eu não saberia usa-lo, mas mesmo assim, contrariando a todos os conselhos naturais do meu coração e das experiências passadas por outros, eu queria ter esse controle por apenas alguns instantes que eu faria perpetuar por toda uma vida usando sem medo a tecla pause.

Sabe aqueles momentos que você gostaria de eternizar? Aquele sentimento, aquele sorriso, aquele toque... queria que fosse para sempre ainda que não fosse real, pois um pause nada mais é que um congelamento da vida e uma vida congelada com certeza seria fria, muito fria e uma vida fria não me satisfaria, eu me conheço e sei que preciso de muito mais que um momento eternizado para ser feliz, mas quando não se tem o que se quer se conforma com o que se pode ter... ou não.

Queria muito um controle remoto que me permitisse adiantar certos momentos de constrangimento, ou que pudesse apagar certas pessoas de cenas que eu queria viver no lugar delas. Sei que isso parece um sentimento egoísta e infantil, mas é assim mesmo que todos nós somos, egoístas e infantis, apenas disfarçamos muito bem o que sentimos para sermos chamados de maduros e sabe o porque de todos se assustarem com a sinceridade dos outros? È pelo medo de que as outras pessoas exponham seus próprios sentimentos.

Todo policial prende o ladrão pelo seu próprio medo de ser tentado a ponto de roubar, as puritanas se vestem em demasia com medo de se despirem e gostarem, os homens evitam ver outras mulheres com medo de descobrirem que as suas não são as únicas, até um beijo é evitado com medo de que ele desperte emoções que estão adormecidas.

Continuo achando o ser humano o mais hipócrita de todos os seres porque se o medo de todos esses sentimentos existe é porque já se sabe que eles também, os sentimentos, habitam dentro de nós, dentro de todos nós existem o ciúme, o medo... as tentações, o único problema é que insistimos em dizer pra nós mesmos e para todos os outros que eles são os únicos a sentirem isso.

Eu, meio libertária como sempre fui, atrevo-me a dizer, sem me importar com o que os outros pensariam a respeito de mim ou de si mesmos, que eu sinto tudo isso e muito mais.

Raiva, ciúmes, ódio, tudo isso e muito mais, sentimentos que acredito nem existir sinônimos para eles, ou talvez por serem tão estranhamente hediondos não nos atrevemos a nem considerar a sua existência.

Quer saber de uma coisa? Se você não sente nada disso, só lamento por você, porque eu sinto tudo, se você não sente nada disso é porque não se permitiu ainda sentir, ou se camuflou dentro de uma concha que impede que os outros percebam que você também é um deles.

Todos sentimos as mesmas coisas e esse texto é dedicado aos loucos que assim são chamados por ousarem expressar de forma intensa todos esses sentimentos.

Chamem-me do que quiserem, de louca se assim preferirem, mas deixem com que eu sinta tudo o que vocês se negam a sentir.

Gê Flor de Pitanga
Enviado por Gê Flor de Pitanga em 09/12/2009
Código do texto: T1967893
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