Não vou ajoelhar... ATIRA.

O dramaturgo ia saindo do teatro acompanhado de um casal de amigos. A conversa girava sobre a nova peça que estavam ensaiando a alguns meses, em breve ela estrearia. A noite estava quente e úmida, como todas as noites de verão; os três dividiam a mesma felicidade, as mesmas expectativas quanto ao futuro, os mesmos planos e desejos. Nada poderia anunciar o que estava por acontecer nos próximos minutos, nada poderia indicar que eles seriam abandonados por Deus justamente naquele momento... Mas foram! Deus piscou os olhos por um momento e foi o suficiente para jogar por terra todos os sonhos.

Saídos das sombras, quatro espectros surgidos das entranhas do inferno pularam em sua frente com armas em punho. – É um assalto, todo mundo mão na cabeça. (pavor, medo, indignação...)

A mulher, apanhada de surpresa, gritou de medo... Um dos bandidos, um dos demônios, a atingiu em cheio com uma coronhada no rosto. Seu acompanhante quis defendê-la e imediatamente foi atingido por três projeteis disparados à queima roupa; os dois rolaram pelo chão gemendo de dor. Somente o dramaturgo continuava em pé, sem saber exatamente o que fazer. Lúcifer voltou a agir, e novamente Deus fechou os olhos. – De joelhos, gritou apontando a arma ameaçadoramente, no chão agora senão atiro. O dramaturgo não teve dúvidas; olhando para seus amigos ensangüentados, encarou duramente o bandido e vociferou palavras de revolta: -- Covardes! Não vou ajoelhar... Atira.

A arma disparou mais três vezes! O dramaturgo foi atingido no pescoço e no peito.

Os quatro covardes fugiram correndo. Os quatro demônios voltaram para o inferno de onde nunca deveriam ter saído.

E Deus... Bem, Deus nem sabe o que aconteceu.