Nos Bailes da Vida
"Dançar é exercitar o corpo, poetisar a alma"
Aprendi a dançar com minha mãe, a família inteira gostava da dança, minhas inúmeras tias, tios, primos e primas.
Qualquer festa ou reunião, da família era motivo para um baile. Era a mania, a moda da época.
Aliás, bailes nos fins de semana em casas de parentes, amigos ou não era o que não faltava.
Mas os grandes bailes eram os realizados em salões e clubes, como o Holmes, Pinheiros, o Arakam, Aeroviários, o Harmonia, o Paulistano, o Aguatico, Atlético Ipiranga, Indiano, Cartola, Som de Cristal, CMTC Clube, Avenida, Patropi, Casa de Portugal, e muitos outros.
Os bailes de formatura, geralmente em finais de ano, há pelo menos três meses antes, já sabíamos a quais iríamos, quando e aonde aconteceriam, e tinha inicio a batalha por convites, uma verdadeira guerra. Não eram vendidos, cada formando tinha direito a um certo numero de convites. Fazíamos amizade com formandos, parentes deles, amigos, até conseguir, senão teríamos que no dia tentar entrar na cara de pau.
Roupas mandadas confeccionar, ternos, camisas, gravatas, abotoaduras, só para o evento.
Músicas somente ao vivo, geralmente orquestra, Silvio Mazzuca, Simonetti, entre outras.
Quando não havia aonde ir, íamos à Igreja, de terno e gravata, sentávamos com os convidados. Ao final, cumprimentávamos e beijamos os noivos, padrinhos, e pegávamos carona para a festa. Lá comiamos, bebíamos, dançávamos.
No meio da festa, já íntimos, tínhamos ajudado a servir, conhecíamos metade da família, dançamos com a noiva, a sogra, a mãe, as tias e primas, alem das amigas. Tomamos chopes com o noivo, o pai da noiva, o pai do noivo. Já éramos da família.
Ao final nunca fomos embora sózinhos.