...A ALEGRIA DE QUEM NADA DIZ...
A voz não se percebe, apenas a riqueza dos gestos de mãos tão pequenas que se movimentam pelo espaço livre ao redor. Olhos que observam a grandeza do mundo para não perder nenhum detalhe diante da total incompreensão. Olhos que brilham a cada movimento novo que surge diante de tão pouco tempo. As sombras nas paredes que se deslocam sem que possam ser tocadas. As mãos nem sempre podem fornecer o contato necessário. Os pés se agitam enquanto o corpo flutua pela sala embalado por mãos gigantes de quem não consegue conter a alegria de poder segurar tanta luz sem se machucar. A boca que se abre em sonoras gargalhadas manifestando vida em estado bruto, enquanto outras gargalhadas se sucedem harmoniosamente para gerar tranquilidade ao universo pequeno que ali se encontra. O silêncio traz a incomoda sensação de que desaprendemos a ter prazer diante de tanta bobagem que conseguimos com tanto tempo desperdiçado em rotinas intermináveis que nós mesmos buscamos. Aquela pequena expressão humana que suga a vida nos braços da moça afortunada, mostra que é preciso bem pouco para entender o significado da vida. Aquele pequeno sorriso, acreditem, agora anda se espalhando por aí...