AUTISMO: História do Xixi
Quando Laura completou dois anos, comprei um peniquinho musical, o mais lindo que já vi. Paguei na época, sete anos atrás, trinta e seis reais por ele. E naquele mesmo dia comecei a ensinar a Laura, certa de que em poucos dias, ela estaria deixando de usar fraldas. No primeiro dia, ela fez xixi no peniquinho. Fiquei feliz e tranquila. Seria bem fácil. Com os meninos foi bem rápido, sem problemas. Mas Laura era autista. Durante os três verões seguintes ensinava a Laura de todas as formas e meios que conhecia. No inverno, pausava porque no frio, ficava difícil secar tanta roupa que molhava. Ver a Laura fazendo xixi no banheiro passou a ser um sonho. Banheiro sim, porque ela já estava com cinco anos. Então naquele inverno não houve pausa. O que houve foi uma mudança de atitude. Da família toda. E de quem nem era da família, mas que o destino aproximou da nossa vida. Chamava-se Ieda. Era caseira na Chácara de meu ex-marido. Foi ela quem continuou mesmo no inverno a levar a Laura de duas em duas horas no banheiro nos fins de semana. Eu continuei durante o resto da semana. Assim, ela dificilmente fazia xixi na roupa. Até que um dia, Laura foi sozinha no banheiro e fez xixi no vaso. E u soube naquele momento que a batalha estava ganha. Para que todos entendam o autista aprende em zig-zag. O começo não é definitivo. Eles voltam a fazer "errado" , "certo" até ficar definitivo. Com seis anos, deixou de ser sonho para tornar-se rotina. Normal. De dia. De noite, usava fraldinha.
A Laura cresceu. Como entrou a puberdade precoce aos cinco anos, hoje com nove anos é uma moça. Tem um metro e cinquenta e oito de altura. Quase um metro e sessenta. Corpo de moça, idade e mente de criança. Percebi que quando ia colocar a fralda, ela colocava a mãozinha nos olhos. Vergonha. Lembrei que quando ela ia pra Chácara nos fins de semana era o pai ou uma das tias que colocava a fralda.
Sofri por ela. E decidi que ela nunca mais usaria fraldas. Comecei a levá-la ás dez da noite, á meia noite, ás três da manhã e ás seis horas da manhã. Durante meses nenhum resultado a não ser umas molhadas de cama de vez em quando e perda de memória de minha parte, devido ao sono interrompido todas as noites com excessão do sábado, quando Laura fica com o pai. Comecei a ficar confusa, esquecer coisas e fiquei mais lenta no trabalho. Eu costumava brincar que estava trocando minha sanidade pela Dignidade da Laura. Um dia, ela levantou ás seis horas e foi ao banheiro. Fiquei feliz.
Depois de um certo tempo, troquei o horário das três da manhã, por quatro da manhã. Na mesma semana Laura acordou e foi ao banheiro sozinha ás quatro da manhã, como ás seis ela já automatizou e vai, dormi toda a noite. Ela ainda está na fase do zig-zag no horário das quatro mas tenho certeza que dará tudo certo. Laura nunca mais usou fraldas. Eu estou voltando a dormir seis horas por dia, ás vezes sete. Tudo está bem. Posso adiantar que vencemos!
Nota da autora: O objetivo deste relato é ajudar outras famílias que porventura tenham o mesmo problema com seus autistas. Quanto maior união mais fácil vencer!
Quando Laura completou dois anos, comprei um peniquinho musical, o mais lindo que já vi. Paguei na época, sete anos atrás, trinta e seis reais por ele. E naquele mesmo dia comecei a ensinar a Laura, certa de que em poucos dias, ela estaria deixando de usar fraldas. No primeiro dia, ela fez xixi no peniquinho. Fiquei feliz e tranquila. Seria bem fácil. Com os meninos foi bem rápido, sem problemas. Mas Laura era autista. Durante os três verões seguintes ensinava a Laura de todas as formas e meios que conhecia. No inverno, pausava porque no frio, ficava difícil secar tanta roupa que molhava. Ver a Laura fazendo xixi no banheiro passou a ser um sonho. Banheiro sim, porque ela já estava com cinco anos. Então naquele inverno não houve pausa. O que houve foi uma mudança de atitude. Da família toda. E de quem nem era da família, mas que o destino aproximou da nossa vida. Chamava-se Ieda. Era caseira na Chácara de meu ex-marido. Foi ela quem continuou mesmo no inverno a levar a Laura de duas em duas horas no banheiro nos fins de semana. Eu continuei durante o resto da semana. Assim, ela dificilmente fazia xixi na roupa. Até que um dia, Laura foi sozinha no banheiro e fez xixi no vaso. E u soube naquele momento que a batalha estava ganha. Para que todos entendam o autista aprende em zig-zag. O começo não é definitivo. Eles voltam a fazer "errado" , "certo" até ficar definitivo. Com seis anos, deixou de ser sonho para tornar-se rotina. Normal. De dia. De noite, usava fraldinha.
A Laura cresceu. Como entrou a puberdade precoce aos cinco anos, hoje com nove anos é uma moça. Tem um metro e cinquenta e oito de altura. Quase um metro e sessenta. Corpo de moça, idade e mente de criança. Percebi que quando ia colocar a fralda, ela colocava a mãozinha nos olhos. Vergonha. Lembrei que quando ela ia pra Chácara nos fins de semana era o pai ou uma das tias que colocava a fralda.
Sofri por ela. E decidi que ela nunca mais usaria fraldas. Comecei a levá-la ás dez da noite, á meia noite, ás três da manhã e ás seis horas da manhã. Durante meses nenhum resultado a não ser umas molhadas de cama de vez em quando e perda de memória de minha parte, devido ao sono interrompido todas as noites com excessão do sábado, quando Laura fica com o pai. Comecei a ficar confusa, esquecer coisas e fiquei mais lenta no trabalho. Eu costumava brincar que estava trocando minha sanidade pela Dignidade da Laura. Um dia, ela levantou ás seis horas e foi ao banheiro. Fiquei feliz.
Depois de um certo tempo, troquei o horário das três da manhã, por quatro da manhã. Na mesma semana Laura acordou e foi ao banheiro sozinha ás quatro da manhã, como ás seis ela já automatizou e vai, dormi toda a noite. Ela ainda está na fase do zig-zag no horário das quatro mas tenho certeza que dará tudo certo. Laura nunca mais usou fraldas. Eu estou voltando a dormir seis horas por dia, ás vezes sete. Tudo está bem. Posso adiantar que vencemos!
Nota da autora: O objetivo deste relato é ajudar outras famílias que porventura tenham o mesmo problema com seus autistas. Quanto maior união mais fácil vencer!