ATO FALHO
Ele era um louro muito hilário, alegre e irreverente.
Sua simpatia cativava a todos que o conheciam...
Torcia pelo Vasco e odiava o Flamengo o qual chamava de urubu... E o pior era a rima que vinha em seguida!
Gostava de falar palavras de baixo calão e as pessoas riam e nem ficavam incomodadas com seu palavreado.
Amava músicas clássicas, e as acompanhava com muito ritmo e os seus olhinhos brilhavam ao som dos belos acordes.
Adorava me acordar bem cedo e por mais que eu tentasse ficar mais um pouco preguiçando, só o conseguia após dar-lhe seu “café”, que ele pedia em alto e bom som.
Era só ele ouvir o miado do gato que sempre vem e pula em minha cama todas as manhãs e que também já o havia adotado como parte da família, para começar sua cantilena matinal... Louro quer café!!!!!!
Mastigava tudo que pudesse alcançar e gostava de ficar de ponta cabeça quando fazia uma turnê de 360 graus, olhando tudo e todos a sua volta.
No dia em que se foi, fiquei como que estática e abismada, pois nem imaginava que poderia ir tão cedo e sem aviso...
Minha irmã disse que era assim mesmo e que ele morreu como um passarinho...
Fiquei meio sem chão e quando fui à rua, atravessei sem nem olhar para os lados. Só me dei conta quando um carro passou buzinando e tirando um “fino” de mim... Então pensei:
Ah! Foi você, seu danadinho que me protegeu em retribuição a tudo que vivemos e passamos juntos...
Maluquice? Sei lá! Para mim parece mais intuição ou uma voz interior.
Mas eu acredito que o mundo ficou um pouco mais triste sem ele...
Lá no céu dos amigos animais, o meu louro que agora está livre e solto, está me vendo.
Ainda há pouco eu comentava lá em casa:
-O papagaio, agora não grita mais para ganhar atenção ou comida... Só fica de longe me olhando!
E alguém me corrigiu:
-Você disse papagaio!
-Ah! Não era PAPAGAIO que eu queria dizer... Era gato...
Eu quis comentar algo sobre o meu gato, mas falei do meu amigo que se fora assim tão de repente...
Snifffff