NUM SÁBADO CHUVOSO

Esse texto poderia muito bem ser chamado “Arma bode” e foi assim que o guardei numa pasta nos meus documentos. Depois o dividi em dois. Somente a primeira parte deste texto permanece com o título original. Ocorreu apenas um desvio na estrada. Iria escrever um texto sobre outra coisa e acabei me empolgando. Sou assim mesmo. Não posso encontrar alguém agradável. Desato a falar sem parar. Encontrei você e resolvi te contar alguma coisa da Bíblia devido ao dia de hoje e acabei por falar de um episódio da minha infância (veja o outro texto). Ultimamente tenho ficado assim relembrando o passado. Recordar é viver! É... Presunçosamente quero viver para sempre. Recordemos então. Mas chega por agora. Vou para meu objetivo porque não quero me recordar de o ter enrolado por todas estas linhas antes de chegar ao meu intuito e nem que você se recorde de mim como um embromador. Sou sim um falastrão contumaz e gosto disso.

Vou aproveitar, então, de tudo o que escrevi. Disse do cuidado de um homem para com seus filhos. Disse também da criatividade desse mesmo homem. Não quero escrever um texto para elogiar meu falecido pai. Teria de escrever sem parar romances inteiros para homenageá-lo. O mesmo teria de fazer em relação a minha mãe, a outros parentes e amigos. Cada um bem o sabe de alguma forma do meu apreço por eles. O texto que ainda se constrói até aqui seria, a princípio, sobre o hino 240 do Hinário Adventista do Sétimo Dia chamado “Bendita Segurança” (Blessed Assurance, Jesus Is Mine!), de Fanny Jane Crosby com música de Phoebe Palmer Knapp. Iria falar da letra da música porque lembrei do meu sobrinho Nicolas, filho da minha irmã Osni. Ele gostava muito de cantar com sua mãe, quando pequeno, o refrão e pedia assim: “Canta ‘minalva’, mãe, canta!”. Parece a mim estar ouvindo ao pequeno em sua antiga voz louvando com o carinho materno.

“Canta, minh’alma! Canta ao Senhor!

Rende-lhe sempre honra e louvor!

Canta, minh’alma! Canta ao Senhor!

Rende-lhe sempre honra e louvor!”.

Agora está mais crescido, sabe ler há muitos anos e procura o que quer impresso ou na Internet. Fiz um desvio como viram e estou fazendo outro. Não tenho jeito! Esse desvio agora é estilístico e não “embromístico” como o outro. Não vou encher lingüiça porque não comemos linguiça (nem com trema e nem sem trema). Desculpe, desculpe. Vou parar. É que não resisto a uns comentários extras nos textos. Não poderia nunca ser motorista de ninguém e nem ir de carro ao trabalho. Sairia sempre do itinerário. Deve ser por isso que gosto tanto de andar de metrô, só assim não saio dos trilhos. Posso pensar em muita coisa livremente sem os sustos das vielas e becos, dos desfiladeiros e atoleiros nos quais me meto.

Segurança é um item caro demais para todos. Eu, particularmente, gosto muito. Verdade! A despeito de toda a adrenalina descarregada em minhas aventuras turísticas sozinho ou acompanhado. Falo da segurança de espírito. Essa eu tenho. Não vê como sou confiado? Não deixo nem você ir embora daqui. Estou te prendendo há muito e nem tenho medo de você me agredir ou rasgar meu texto. Porque tenho certeza de você ser “gente boa”. Esse tipo de segurança só se sente quando se consegue Deus perto de nós. Agora mesmo sinto Sua presença enquanto escrevo. A chuva cai ininterruptamente bela e fresca sobre as buganvílias e os imbés aqui de casa. Lá na ponta esquerda um manequim, uma íbis sem flores ainda e uma avenca. Através do vidro canelado da varanda vejo as cores, num espectro disforme, de um hibisco que se abriu hoje em tom salmão assim como uma rosa sua vizinha no canteiro, mais à esquerda pés de comigo-ninguém-pode. Estiquei-me na cadeira e vi pelo vidro quebrado o tronco do pé de buganvília alaranjada e uma folha de costela-de-Adão. Chove muito. São chuvas de bênçãos. “Chuvas de bênçãos dos céus”. O chão está todo mesclado de folhas amarelas, marrons e verdes e flores rosas. Cada pingo de chuva que cai é totalmente diferente do outro, mas parecem iguais. Eles caem coados pela peneira do caramanchão de buganvílias nas poças d’água e interrompem as imagens refletidas das plantas e do céu. Quem sabe não é para eu pensar num céu diferente do atmosférico? Enquanto reflito, aproveito a distorção das imagens. Agora, mexendo a cabeça para os lados, para cima e pra baixo, ganho novos ângulos das mesmas meras poças d’águas num cimentado cinza com lodo esverdeado. Do mínimo tem-se o máximo. Do nada o tudo. Do nunca o sempre. O eterno. Deus!

Hoje é sábado, dia de descanso. Dia de adoração. Não fui à igreja. Não fiz nenhuma leitura bíblica. Somente conversei contigo até agora e olhei a letra do hino, mais precisamente seu refrão. Espero estar “sempre vivendo em Seu grande amor” e me regozijando “em meu Salvador”, pois “esperançoso, vivo na luz”, porque grande “bondade tem meu Jesus!”

Agora minha dor nas costas passou. Acho que era tensão. Obrigado a ti pela conversa. Obrigado a Deus pela chuva vivificante. Daqui a pouco vou me arrumar para assistir ao culto jovem na igreja do Porto do Rosa.

Até o próximo texto. Espero mais objetivo. Grande abraço e um bom restante de dia para você e todos os seus.

Oswaldo Eurico Rodrigues
Enviado por Oswaldo Eurico Rodrigues em 05/12/2009
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T1962061
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