MEU VERDE, MEU AMARELO
Um dia eu estava sentado na beira do rio amarelo,
contemplando a mata verde.
Perdido naquela beleza, eu puxei um liso com cheiro de peixe.
No meio da infinita paz o meu coração não se conteve,
e eu chorei.
Depois a chuva pura lavou o meu corpo e as dores da minha alma.
E o silêncio me fez ver a realidade daquela paisagem calma.
No meio do verde, o cinza e o preto tentam tomar conta.
E de vez em quando uma mancha de óleo no amarelo nos espanta.
Levantei os olhos ao azul e me perdi na grandeza do infinito.
Reuni todas as minhas forças e à DEUS eu perguntei num grito:
- Porque tudo tem que acabar desse jeito?
Mas uma cortina de fumaça me sufocou a voz e me doeu o peito.
Daí eu vi o quanto sou pequeno e tamanha é a força do predador.
Ele desmata, ele mata, ele suja sem o mínimo de rancor.
Juntei a minha sacola com um peixe e segui o meu caminho.
Chorando eu vi o chão sugando as minhas lágrimas.
E pedindo um pouco mais de carinho.
Ao chegar em casa eu fiz este relato minúsculo e secreto.
Envergonhado por ser tão pequeno.
E nada poder fazer para manter tamanha beleza.
Depois de sentir o sofrimento do meu amarelo e do meu verde.
Tão de perto.
Manaus, 15 de junho de 1991.
Marcos Antonio Costa da Silva