A nova velha história da propina na política
Parece piada. E uma piada daquelas que não tem graça nenhuma e é de profundo mau gosto. Novamente nos vemos diante de um episódio vergonhoso envolvendo a política brasileira. Transformou-se em um fato corriqueiro esconder dinheiro na cueca, nas meias e seja lá onde se puder esconder.
Haja mensalões, mensalinhos...
O triste disso tudo é que essa nova velha história terminará com desfecho idêntico o das outras: Arranjos e combinações nos bastidores enlameados e zero de punição convincente. Fácil é um ladrão de galinha ser preso e condenado, já um político do colarinho branco...
Os políticos desonestos conseguem o impossível: Nos convencer de que não eram eles que figuravam nas filmagens (pode ser um sósia!) ou a história transmitida não ser bem aquela ali apresentada (o dinheiro não era para as campanhas eleitorais, mas para o panetone dos pobres).
Até quando? O que se pode fazer para que essa nova velha história não se repita?
São tantas coisas e tantas idéias!
Em primeiro lugar deveria se fazer uma reestruturação exemplar no sistema político brasileiro. Reduzir drasticamente o número de empregos adquiridos através dos votos, modificar a malfadada imunidade parlamentar e diminuir a quantidade de nossos representantes legislativos. Lógico que somente isso não resolveria a situação atual.
Penso que uma mudança no Código Eleitoral poderia pelo menos minimizar o problemático caos político. Não é justa a inexistência de um valor x para ser usado nas campanhas políticas. Essa liberdade que a Justiça Eleitoral concede aos candidatos e partidos políticos de gastarem a quantia que bem quiserem independente do valor, desde que declarem a citada quantia, favorecem apenas os candidatos e partidos políticos ricos. Além desse favorecimento, ainda serve de atrativo para a temporada de caça às propinas. Eles sabem que quanto maior o volume de dinheiro que tiverem, maiores serão as chances de vencerem as eleições. A infeliz realidade é a de que o nosso mundo gira em torno do dinheiro e se consegue o improvável através dele.
O ideal seria a Justiça Eleitoral estabelecer um valor limite para os gastos oriundos das campanhas eleitorais pelos candidatos e partidos políticos. Um valor que não fosse enorme para candidato e partido político pobre e pequeno para candidato e partido político rico. Bastaria que se realizasse um estudo sério para verificar os valores utilizados nas campanhas eleitorais e se fixasse um valor limite com base nesse estudo.
Apesar da liberdade que é concedida aos candidatos e partidos políticos de gastarem à vontade, eles não dispensam o tradicionalíssimo Caixa Dois. Um limite aos gastos propiciaria uma melhor fiscalização eleitoral por parte do órgão competente e coibiria um pouco esse festival de dinheiro exibido nas imagens televisivas.
Nós, pobres trabalhadores e eleitores é que não temos nem dinheiro para guardar em nossas carteiras. Os políticos, ao contrário, enchem suas carteiras, suas bolsas, suas malas. Não tendo mais onde guardar recorrem às cuecas e meias. Sabe-se lá onde poderão guardar quando tivermos que assistir novamente a outra nova velha história da propina na política. Criatividade a eles não falta. O que falta mesmo é vergonha na cara e um mínimo de respeito para com seus desolados eleitores.