O velho e a Lambreta

Sempre repugnei... Sempre adorei... Sempre compreendi!!! Mas afinal, qual o certo?

O capacete destoava das roupas, que destoavam da paisagem, que destoava das atitudes, que destoavam, destoava, destoavam...

A risada fora mútua. Uma leve telepatia, experimentada em inúmeras outras situações, sem qualquer ponto eletrônico, cartaz com letras apressadas ou sussurros esmiuçados por de trás das câmeras.

O velho, sua lambreta, e a falta de postura, quase foram ao chão, todos de uma só vez. Seus olhos, adornados pelo óculos embaçado estilo anos 70, adquirido provavelmente na mesma época, quase saltaram para fora quando avistaram, pé ante pé, o compasso da menina invocada, que subia a ladeira, de nariz empinado, orgulho inflamado e quadril com gingado.

Arrisquei um comentário. Irônico, é claro. Fez-se desentendida, xingou o velho tarado em pensamento mas, no fundo, tinha adorado aquela situação.

Para os que pensam que, apenas homens fazem isso, em especial os mais velhos, errou. Já presenciei e, inclusive vivenciei, diversas situações onde mulheres, muitas vezes casadas, com filhos e fogão, perderam as estribeiras de seus olhares e renderam-se ao broto de camiseta colada e peito estufado.

O ser humano é engraçado... Ora reclama do anonimato, ora do estrelato. Ora, ora para arrumar um parceiro... Ora, ora para se livrar dele!!!

A fidelidade, desde os primórdios, nunca fora o forte deste animal, denominado “racional”, cientificamente chamado Homo-sapiens. O velho, sua velha lambreta, e seu velho apetite ocular, provavelmente veem acompanhados por uma Dona Rosa, ou Gertrudez, ou a moderna e sensual Dona Ângela, mãe de Fabiana, Cláudio e Roberto.

De fato, situações como esta podem desencadear síndromes de cólera e ciúme por parte das ditas “vítimas” da situação, mas, que ter o ego calibrado, alinhado e balanceado, ao menos uma vez por semana, de acordo com o manual do proprietário, ou, de repente, de acordo com o moderno manual de ética social, promovido inconscientemente por nós mesmo, é bom demais... Disso, nem a lambreta duvida!!!

Danilo M. Benites

22 de janeiro de 2009

18:00 hs