A MÁQUINA DE LIVROS
Na estação do metrô Sé, há várias máquinas que vendem coisas: há máquina de refrigerante, máquina que vende camiseta, máquinas para tirar a sorte e uma máquina que vende livros por R$ 2,00.
Nessa máquina tem Machado de Assis, tem Drummond de Andrade; vi até Mário Quintana; mas não encontrei ainda Rubem Alves.
Apesar da fila da máquina de coca cola por R$ 2,50 ser sempre a maior; volta e meia, vejo alguém olhando para a máquina que vende livros, parecendo sedenta por um exemplar.
Essa crônica não é sobre a máquina, desculpem-me leitores, e sim, sobre essa senhora que eu vi pagando por duas cocas e se dirigindo, logo após, para a máquina de livros. Curioso, fiquei observando ela tomando as duas cocas e olhando para os títulos como se olhasse para uma máquina de salgadinhos.
Depois de passar algum tempo observando os títulos, ela pega um celular e liga para alguém:
- Filha? Sim! Tem Dom Casmurro, Cortiço... – ela vai dizendo livro por livro – Tem certeza que nenhum desses está na lista? – pausa, olhar interrogativo – Ah, pensei que valia a pena comprar!
Então, a mulher vai embora, deixando a máquina de livros esperando por algum outro “leitor de vestibular”.