Permanência

Os primeiros poemas foram simples, fáceis de entender. Longos em sua maioria, talvez, ou curtos, comunicavam aquilo que todos achavam que era. Ou então chegavam ao absurdismo surrealista, como no caso do inesquecível Zé Limeira, homem de origem humilde. Mas este não dos primeiros tempos, já contemporâneo.

Depois vieram os poemas herméticos, os concretos, os puramente abstratos, os extratos. Perfume deixando cheiro no ar. Curtos em sua maioria, talvez, ou longos, mas comunicando aquilo que muitas vezes não se sabia bem o que era.

Também, pudera. Poemas são assim como árvores. Quando nascem são indefesas. Um gravetinho seu tronco. Depois ele fica robusto, seus galhos se multiplicam, suas raízes vão fundo no terreno, levantam calçadas e meios-fios, derrubam muros... E a sua estrutura se complica. Enquanto se edifica.

Mas, de uma forma ou de outra, comunicando aquilo que todos sentimos, ou o que só o autor sente, a poesia está sempre presente. Jamais será excludente. É choro, ausência ou alegria. A árvore é a própria poesia reunindo um monte de poemas. Alguns indecifráveis, outros mais ou menos degustáveis, mas todos com vida própria, todos com a sua (e a nossa) vida, que é a própria razão de ser.

E a tentação é a de crer que isso é permanente.

Rio, 02/12/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 02/12/2009
Código do texto: T1955909
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