AGORA SÃO AS MEIAS

AGORA SÃO AS MEIAS

Antes, elas serviam para a proteção dos nossos pés contra o frio. Mais tarde, tornou-se uma peça indispensável do nosso vestuário. Elas vestiam senhoras, senhores, senhorinhas, velhinhos e velhinhas, sem falar nas inocentes criaturinhas, ou seja, nossos filhos e netos. Sem dúvida, elas sempre estiveram em nossas vidas, seja protegendo ou embelezando. Elas sempre tiveram e têm um charme todo especial. No passado, eu me lembro muito bem e com saudades, quando todos pensavam que elas não prestavam mais para nada, nós as enchíamos de molambos e as transformávamos em bolas. Quem, da minha geração, não jogou uma “pelada” com bola-de-meia? Mas, um dia, inventaram o Natal e nos ensinaram que se puséssemos um pé de meia na janela, o “Bom Velhinho” o encheria de presentes. Esta foi, talvez, a primeira desvirtuação de seu uso. Foi ali que tudo começou. Do lúdico ao desejo mórbido de ter, de possuir, de esconder, foi um passo. De lá para cá, pé-de-meia deixou de ser uma peça do vestuário para representar acumulação de riquezas. Se antes, elas eram recheadas pelo Papai Noel dos nossos sonhos infantis, hoje elas são recheadas de dólares, de reais, euros, etc., pelos papais-noéis da corrupção que assola o nosso país, conforme vimos nos jornais televisivos desta semana. Depois da cueca, as meias. Que país é este?

Luis Gentil

Nov/2009