UMA HORA. OUTRA ESTÓRIA.

De novo vou lhes contar uma outra estória, que (não) é a minha cara, uma estória que era só minha, eu, primeira pessoa, escrevendo detalhes, pinçando lembranças de um futuro próximo, o presente, um escândalo, rebelde sem causa, transição forçada, em todas as etapas, níveis, rituais, a vida, indo e vindo, no paradoxo.

Só penso em mim quando me desligo, tantos barulhos, nesta algazarra local e internacional, planetária sensação do caos instalado.

Era eu entrando em cena, invadindo outra estória.

Não faço nada, não falo nada. Mudo, entrei e saí como tal, parece verdade, mas é apenas um espelho refletindo minha insensatez frente a esta realidade que não existe.

Nunca sei o que faço; nunca faço o que sei. Não sei, existo. Viver é tudo o que tenho para fazer.

Assim caminha a humanidade, pisando, alcançando os picos mais altos do planeta, revirando a terra, os grotões mais escondidos, nos lugares mais sombrios, as cavernas mais assustadoras, mais profundas, no fundo do mar, escuras, seja onde for, o homem quer ir lá, deixar sua marca.

O homem quer conquistar tudo, até ele mesmo, mesmo; respondo: vá se conhecer de outra forma criança, tenho que me tolerar.

Se quero me conhecer, desconhecendo tudo, caminho até cansar, descanso, estou pensando, tentando administrar pensamentos que surgem de todos os lados, em baixo e em cima.

Curiosos, eu também, estes pensamentos invadem todas as repartições, todos os gabinetes; infiltrados nas reuniões, dão palpite, gritam, anarquizam e depois vão embora. Levam junto minha paciência, que está estourando.

Que estória que nada! Vou perserguir roteiros, alterar tramas, já que não faço nada, vou levar junto todas estas estórias.

Política interna, invadir estórias, não ter nada para fazer, a não ser perseguir roteiros, alterar as tramas tramadas, entrelaçadas neste vai e vem de fatos do cotidiano dos jornais.

Pensamentos aleatórios, grifados, marcados, repetidos, os mesmos de sempre. Pensamentos presos entre si pelo uso contínuo da fina arte da fuga, invadir e fugir. Não ter nada além disto para fazer? Eu, que não sei o que faço, invado estórias que não são minhas, tolero pensamentos que aparecem de todos os lados, de baixo, de cima, invisíveis. Não faço nada, apenas isto, invadir estórias, alterar roteiros, fugir com a trama.

É verdade (?), a estória é repetida, repetitiva, não é única, nem será a primeira, nem a última.

Eu não sei, apenas existo, mesmo que o roteiro não seja meu, invado estórias, altero a trama.

Depois disto tudo, peço vênia para me desligar, não sei o que faço, repito frases, estória que um dia tem que terminar uma hora.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 30/11/2009
Reeditado em 01/12/2009
Código do texto: T1952758
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