Explicações ao vento
Falar de amor: ao escritor, especialmente ao poeta, é difícil não escrever sobre o amor. Alguns se sentem bem à vontade com os poemas românticos, geralmente frutos de um amor pessoal. Outros não gostam, não sabem, não querem ou acham que não devem expressar assim esse sentir, nos poemas. É questão pessoal. Não está certo e não está errado, sendo mais freqüentes os poemas românticos com abordagens confessionais quando o autor começa a enveredar pela escrita.
Quanto mais confessional mais pessoal. A quem haveria de interessar um poema escrito de forma estritamente confessional? Talvez que passado um tempo, o mesmo não interesse nem mesmo ao autor. A dinâmica do mundo é um caleidoscópio maluco que se expande. Tudo muda. Veja, eu não digo do amor, mas da forma de mostrá-lo no poema. Menos é mais, alguém já disse. Então, quanto mais sutil for o poema, mais chances ele terá de se manter de pé. Exatamente por isso é que, no meu entendimento, é difícil escrever um bom poema romântico.
Enquanto poetisa talvez eu ainda sofra da escassez de sutileza, porque quase todos os meus poemas de amor me deixaram com a sensação de ter passado da conta, ou de não ter conseguido descrever direito, tudo o que ia por dentro.
Poemas de amor provocam, flertam, teimam. Apresentam-se bonitos enquanto sentimento, mas o resultado final, este é que nem sempre me agrada. Não sei se é unilateral, mas sinto que nos olhamos com cuidado... os poemas de amor e eu. Já me ocorreu de aceitá-los como se apresentaram no final, mas sempre com aquela sensação de que alguma coisa precisa ser revista. Ao menos foi o que eu fiquei me dizendo na ocasião, num jogo de explicações ao vento a serem apreendidas – principalmente por mim - logo que possível...