O DIREITO DE NÃO ESTUDAR ( Quem não Respeita não Merece Respeito)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Como seria se todos os brasileiros fossem formados academicamente da forma que quer a escola? À primeira vista, sabemos que têm muitos seduzidos pelos os incentivos educacionais dos governos e que vão ali apenas porque estão sequestrados mentalmente. É certo que os muitos diplomas ainda não acabariam com a pobreza e a miséria de nossa gente. Conheci uma pessoa formada em Direito que trabalhava vendendo churros nas esquinas da cidade; não deixa de ser honroso, o que questiono é a submissão aos apelos do academicismo. Qual era o grau de escolaridade do grande realista brasileiro, Machado de Assis? Os que querem exercer seu direito de não estudar, quando forçados a permanecer em uma sala de aula, atrapalham o que quer se formar para ser outra coisa na vida. Mas, o que se exige de um vendedor de churros? Apenas que saiba passar trocos e fabricar seus deliciosos petiscos, e para isso não se precisa de escola! Se alguém insiste em dizer que quem não estudou é menos feliz, esse é senão os simples pedagogos que são considerados leigos, pelo próprio sistema educacional, para ensinar no Ensino Médio.
Por outro lado, se um semianalfabeto se tornou o presidente do país, um outro pode se tornar o apresentador de um programa de TV famoso, ou ainda o dono de uma grande empresa. Então, por esses não terem diplomas de formação acadêmica, estariam ilegais? "Machado de Assis pouco frequentou a escola, era autodidata. Aos 16 anos, na revista 'Marmota Fluminense', publica o seu primeiro poema: 'Ela'. Foi aprendiz de tipógrafo, revisor, colaborador com artigos em vários jornais, servidor público, Diretor-Geral do Ministério da Viação e presidente da Academia Brasileira de Letras ou a 'Casa de Machado de Assis'". http://valiteratura.blogspot.com.br/2010/11/joaquim-maria-machado-de-assis.html (acessado em 04/07/2015).
Jesus também não tinha diploma algum e foi ele que disse: — “os pobres sempre tereis convosco”(Mt 26:11). Isso só reforça o veredicto do fracasso dos intolerantes que simplesmente colam a etiqueta de menos humanos sobre os não letrados da sociedade, para se autopromoverem, e assim humilhar os que dedicaram seu tempo em outros conhecimentos da vida e outras funções. A escola deveria ensinar, também, a respeitar a liberdade dos talentosos (autodidatas) que decidiram não precisar dela, para serem úteis e felizes nos aspectos práticos da vida. Aquilo que uma pessoa exclui de sua vida é o que em si mesmo lhe seria exatamente prejudicial.
Na minha prática docente, gostaria de chorar, lamentando muito, por aqueles que sofrem em sala de aula, tentando por vezes a fio, frustradamente, acertar as questões das provas de Língua Portuguesa e entender as regras da gramática cheias de exceções. Mas não conseguem, não têm o dom, e então recorrem à indisciplina para chamar a atenção a si mesmos, por outros meios, tentando igualar-se aos colegas, por atalhos, portanto perturbando os demais. Agora resolvi não me importar com os que querem chamar minha atenção desse jeito, todavia decepcionados por não conseguir, nem uma coisa, nem outra; talvez “cairão na real”. E a escola os tacha de "evadidos"; eu tachado de sem "domínio de classe"!!!
A dor do não letrado, aos olhos da escola, não se compara com a sua própria dor, ou melhor, com a dor da consciência por fazê-lo sofrer, perder tempo, alisando a cadeira que não queria. Um vendedor de churros "formado" é mais gente que um outro de igual eficiência não academizado?
Minha mãe semianalfabeta ensinou-me a ler e escrever sem os moldes da escola! Por que hoje, qualquer capacitação tem que ser no desenho do atual sistema educacional falido: presencial, semipresencial, EJA ou a distância; faltas reprovam; media mínima aceitável; provas e fraudes mil; controle de qualidade; não dispensar antes do lanche; arrecadação?! (a desordem na gradação aqui é intencional).
Como se não bastasse: uma vez alfabetizado pode perder o direito de não ler. Porém, isso é muito diferente do não estudar! Ainda tem-se o direito de não estudar!? Escolaridade e inteligência não são a mesma coisa.