EU SOU SEU PAI
EU SOU SEU PAI!
Um dia em uma rua imunda um menino procurou um sábio e a ele perguntou: que é o meu pai? O sábio, meio atônito elevou as vistas e notou que quem falava era uma criança de aproximadamente doze anos e, para a sua surpresa ele era belo, bem afeiçoado e ricamente trajado, pouco comum naquele antro onde perambulavam mendigos, bêbados e prostitutas, um espaço fétido, tenebroso onde aflorava o vicio e o crime e, por essa razão, aquele sábio outrora um grande empresário que aos poucos se corrompeu nas formas mais incríveis de erros , inicialmente aqueles que a sociedade cometem, depois alçou vôos mais baixos por causa da degradação e do vicio chegando finalmente às sarjetas e confinado a uma prisão mental por ele construída, vagando assim pelas raias da destruição.
Esse pobre homem arrumou as sua malas e seus pertences e viajou por muitos lugares, trabalhou e se enalteceu de seus feitos como a própria gloria...
Um dia, ensoberbecido por falsos admiradores nescios subiu ao pódio e proferiu um discurso sem métodos e entrincheirado no abstrato dos pasquins ele foi usado por inescrupulosos , pagando por isso um preço muito alto, mais o tempo passou e ele esqueceu o que era e o que foi e, agra, ali sentado com as mãos postas e firmes de um homem que havia se recuperado e que não mais sonhava e nem tampouco tinha pesadelos, afinal, ele agora era mais espírito que matéria. Havia se divorciado das tentações terrenas e dos maus hábitos e enveredado em um mundo profundo e sedutor chamado EU...
Os testes psicológicos feitos no sanatório falharam, porque ele era suave com a pluma e exalava o aroma das flores e naturalmente belo, mau cuidado, porém bonito, pouco falava e quando o fazia era consigo mesmo. Ele era absoluto, não era senhor ou escravo nem menos Deus ou o Diabo, ele simplesmente era ou é EU. Quantos EUS existem por esse mundo afora vivendo como mendigos ou sendo julgados sábios e, que um dia tiveram famílias , filhos e esses os esqueceram nas ambigüidades celestiais dos desejos e se lançaram em uma busca frenética de sonhos e magos que se lhes pudessem dizer a verdade quando o único se encontrava à sua frente...
Agora o menininho de olhos verdes e grandes chorava, ele queria uma resposta para a pergunta que fez a Deus na noite passada. Ele nem sabia o porque se encontrava ali, mais sentia frio e tinha medo. Mais o sábio a passos trôpegos, semblante pálido e quase mortal se levantou e, como se fosse uma luzndo nada, o fez viver outra vez, ele pegou aquela criança em seus braços e disse: eu sou o seu pai e você é o meu filho e eu o protegerei, porque um dia o mundo se prostrará aos pés do filho do homem não pelas armas mais pelas palavras vindas da minha boca que calarão a violência...