A MÃO E O MEDO
A MÃO E O MEDO
Não foram raras as noites intranqüilas, também eram raros os dias com alegrias e risos. As brincadeiras de crianças, aquelas onde meninos e meninas riem a toa por bobagens ditas ou cenas que fazem rir só aquelas que têm idade de criança pequena, eram experimentadas às escondidas.
Quando a mão se aproximava do quarto minúsculo, onde havia uma pequena cama e um colchão que era dividido por três, o riso cessava, a alegria escondia-se, os olhos esbugalhavam-se e as pequenas mãozinhas se punham sobre os ouvidos ao mesmo tempo em que, tentavam proteger nervosamente as pernas.
Então os gritos ecoavam absurdamente pelo pequeno espaço. o O Medo entranhava-se pelos poros ameaçados e o lamento infantil chocava-se contra a parede.
Ouviu-se o retumbar da raiva e do ódio que estalou através da Mão adulta.
O Medo tinha som.
A atitude e o pensamento estavam imóveis.
Foi então, numa dessas manhãs, a luz do sol delatou o que se escondeu na noite. A Mão chegara ao seu limite...
Viram-se mãos depositando flores sobre um pequeno túmulo.
Nunca uma manhã foi tão linda e tão fria.
Nunca as flores foram tão belas sem cores.
Os risos de criança tornaram-se ensurdecedores, enlouquecedores.
Como castigo o Medo mudou de rumo.
A Mão mudou o rumo do Medo... e os sonhos serão pesadelos enquanto houver vida.
Enquanto houver vida a Mão ficará enlouquecida pelo Medo.