POR ESSA EU NÃO ESPERAVA (EC)
Tanto tempo se passou desde o dia em que nos conhecemos... Estás lembrado? Foi naquela noite de Reveillon, quando os fogos estouravam no ar e a Praia de Copacabana era pura alegria, cercada de cascatas de luz.
Vinhas andando distraído, os olhos postos no céu, e me deste um esbarrão. Com o impacto desiquilibrei-me e acabei caindo. Depressa me ajudaste a levantar preocupado em verificar se eu havia me machucado. Felizmente não aconteceu dano algum, sequer um arranhão, já que a areia macia aparou a queda.
Eu, que saia de um namoro que não terminou bem, estava e queria ficar sozinha para repensar o que foi que dera errado. Parece-me, estavas, também, em situação semelhante.
Começamos a conversar um tanto tímidos a princípio e logo estávamos rindo, apreciando os fogos e falando sobre os planos para o futuro. Aquela era uma página virada, daí pra frente tudo seria novo.
O tempo foi passando, a vida tecendo suas teias e nos envolvendo cada vez mais. Nem acredito que vinte anos passaram correndo desde aquela noite. Anos esses só de encanto, de felicidade, de um amor construído na base do respeito mútuo, da partilha, da compreensão.
Lembrei-me, até, daquela cantiga de roda que diz: “Terezinha de Jesus, de uma queda foi ao chão, acudiram três cavaleiros todos três chapéu na mão. O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão, o terceiro foi aquele que a Tereza deu a mão.” Eu te dei a minha mão e tu me deste a tua. E, assim vimos seguindo pela estrada afora, que se não é de rosas, tem alguns dos seus espinhos. Mas temos conseguido apará-los e prosseguir com poucos arranhões. Na certa quem contar esta história há de encerrá-la com aquele – e viveram felizes para sempre.
Mas confesso que por essa eu não esperava. Afinal de contas nem me chamo Tereza.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Por Esta Eu Não Esperava.
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