JILÓ
Cozinhei jiló para o meu jantar.
Há quatro ou três meses ando com dificuldades pessoais de saúde. E hoje foi um dia bom, em que andei melhor, fui à fisioterapia e voltei tão melhorada, que dei uma passagem pela feira que, às quintas feiras fica na minha rua.
A feira estava colorida demais e me detive em várias bancas. A primeira, a de ervas do Sr. Carlos parei para pegar uma erva que ele tinha dito que reservaria pra mim, para fazer um chá, segundo ele muito bom para as articulações e artrose. Fiz o chá e já estou tomando ao logo do dia, e é gostoso. Esse homem tem um astral maravilhoso. Um homem simples que conhece a terra e suas ervas. Ele é do bem. Tem uma mão enorme, meio gordo, mestiço, um jeito bonachão, mas poderia ser atemorizante se ele topasse com alguém mau. Ele vende ervas do mal também, mas ele já me disse que nunca me ensinaria tais ervas. Conversar com ele faz um bem. Sempre comprei ervas e matos com raiz, para eu plantar na minha varanda. Também sou da Natureza e tento acrescentar matinhos, salsa, manjericão e hortelã, espada de São Jorge e jibóia que trepa nas grades e enfeita. Crio um pequeno bioma para os meus passarinhos, beija- flores, borboletas e eu mesma. A minha humanidade transparece logo no trato com pessoas, e esse é o meu lado social. Conversar com o Erveiro Carlos é como conversar com médico bom ou um amigo. Despeço-me estendendo-lhe a mão que sela comigo um aperto de mãos, aquela mãozona quente passando bondade. É uma benção.
Ao lado, a seguinte era a banca das pimentas, temperos e pequenos objetos de utilidade doméstica. Comprei pimentas diversas, cebola roxa, alho e colheres de pau, longas e finas, e um soquete para a pimenta do reino.
Era na verdade a minha alegria o sujeito, e as bancas eram o predicado.
Na outra banca, frutas: pêssegos, uvas, fruta-de-conde, banana prata, laranja lima, limões e mangas. A seguinte, frango em pedaços.
Infalível, a barraca das flores do Sr. Antonio, um português que tem três filhas lá em Jacarepaguá: ele me fala das filhas, da “terrinha” e das flores. E eu falo dos meus filhos. E sempre me dá uma rosa no meio das flores que compro. Hoje foram girassóis de um amarelo gritando “me leva” e lembrei Van Gogh.
Minha cozinha ficou colorida.
Durante a tarde, sentia-me bem e refletia que ser só não é ficar sozinho e ser anti-social. Ser só é uma contingência. Mas tudo que nos rodeia em casa são nossos companheiros. E ficar só, se a cabeça dentro está bonita, não se sente só. O bordado interrompido com a fartura de meadas coloridas, ao alcance. Os livros esperando serem lidos, na estante. As músicas esperando serem ouvidas. O computador com o Word á minha disposição. Na varanda descobri uma trepadeira nova, nascida no vaso da trepadeira de flor azul que anda subindo até o teto. Agora, que a nova tomou força e está se espalhando por onde ela possa se apoiar descobri, com encantamento, que se trata de “melão-de-São Caetano”, um mato que dá um fruto amarelo meio ogival e, aberto, tem sementes vermelhas que, em criança a gente abria e chupava aquelas sementes docinhas; um mato-trepadeira que há muito tempo eu não via, e que com a ajuda dos passarinhos, veio nascer um pé aqui na minha varanda, em pleno Rio de Janeiro!
Á noite resolvi cozinhar um jantar. Mas não queria muito trabalho, só uma coisa simples. Só para comemorar.
Há uns três ou quatro meses eu estava com uns sintomas incômodos, não identificados, de diabetes descontrolada, e meus filhos sugeriram ‘depressão’. Foi um equívoco. Mas fui ao médico. E veio artrose com inflamação nos joelhos. Fiz exames. O nível de glicemia acusou 360 trezentos e sessenta, e não pode ultrapassar 100.( ERRATA:mais de 600,ENGANEI-ME).
Só então me dei conta que descuidara da saúde. E veio o temor também.
Seguindo ordens médicas, a glicemia baixou para nível normal de 93 na medição de ontem e de hoje. Obrigada meu Deus.
Voltou à alegria e a compreensão que eu é que tenho de me cuidar, pois filhos amam a mãe, mas não cuidam.
Então resolvi cozinhar algo daquelas coisas gostosas que comprara de manhã e fui fazer um jantar. Vagem? Abóbora? Frango? Agrião? Quiabo? Uma salada? De alface fresco com tomates, limão, sal e azeite? Arroz integral?
Enquanto resolvia, já fui cortando as fatias finas de cebola roxa e alho em pedacinhos fritando em óleo girassol, no fogo brando, e o que acrescentaria ainda sem resolução. Calma, vi os jilós grandes ao lado das uvas vermelhas e das pimentas coloridas. Ação: rapidamente lavei três jilós graúdos e fui picando em pedacinhos. Mais o salzinho, mexer, e a mistura foram soltando aquele cheirinho delicioso... Provei: hum! Nem um pouquinho amargo, ao contrário, perfeito sabor! Nada mais era preciso. Pinguei água, refogou e, pronto!
Para a mesa. Acompanhou uma sobremesa de uma laranja lima descascada e cortada em pedaços. Delicioso tudo.
Perfeito jantar! Hum...
[Obs: VIDE ERRATA E LEIA-SE 360 / MAS JA´BAIXOU P/ 93 E NORMALIZOU].
Cozinhei jiló para o meu jantar.
Há quatro ou três meses ando com dificuldades pessoais de saúde. E hoje foi um dia bom, em que andei melhor, fui à fisioterapia e voltei tão melhorada, que dei uma passagem pela feira que, às quintas feiras fica na minha rua.
A feira estava colorida demais e me detive em várias bancas. A primeira, a de ervas do Sr. Carlos parei para pegar uma erva que ele tinha dito que reservaria pra mim, para fazer um chá, segundo ele muito bom para as articulações e artrose. Fiz o chá e já estou tomando ao logo do dia, e é gostoso. Esse homem tem um astral maravilhoso. Um homem simples que conhece a terra e suas ervas. Ele é do bem. Tem uma mão enorme, meio gordo, mestiço, um jeito bonachão, mas poderia ser atemorizante se ele topasse com alguém mau. Ele vende ervas do mal também, mas ele já me disse que nunca me ensinaria tais ervas. Conversar com ele faz um bem. Sempre comprei ervas e matos com raiz, para eu plantar na minha varanda. Também sou da Natureza e tento acrescentar matinhos, salsa, manjericão e hortelã, espada de São Jorge e jibóia que trepa nas grades e enfeita. Crio um pequeno bioma para os meus passarinhos, beija- flores, borboletas e eu mesma. A minha humanidade transparece logo no trato com pessoas, e esse é o meu lado social. Conversar com o Erveiro Carlos é como conversar com médico bom ou um amigo. Despeço-me estendendo-lhe a mão que sela comigo um aperto de mãos, aquela mãozona quente passando bondade. É uma benção.
Ao lado, a seguinte era a banca das pimentas, temperos e pequenos objetos de utilidade doméstica. Comprei pimentas diversas, cebola roxa, alho e colheres de pau, longas e finas, e um soquete para a pimenta do reino.
Era na verdade a minha alegria o sujeito, e as bancas eram o predicado.
Na outra banca, frutas: pêssegos, uvas, fruta-de-conde, banana prata, laranja lima, limões e mangas. A seguinte, frango em pedaços.
Infalível, a barraca das flores do Sr. Antonio, um português que tem três filhas lá em Jacarepaguá: ele me fala das filhas, da “terrinha” e das flores. E eu falo dos meus filhos. E sempre me dá uma rosa no meio das flores que compro. Hoje foram girassóis de um amarelo gritando “me leva” e lembrei Van Gogh.
Minha cozinha ficou colorida.
Durante a tarde, sentia-me bem e refletia que ser só não é ficar sozinho e ser anti-social. Ser só é uma contingência. Mas tudo que nos rodeia em casa são nossos companheiros. E ficar só, se a cabeça dentro está bonita, não se sente só. O bordado interrompido com a fartura de meadas coloridas, ao alcance. Os livros esperando serem lidos, na estante. As músicas esperando serem ouvidas. O computador com o Word á minha disposição. Na varanda descobri uma trepadeira nova, nascida no vaso da trepadeira de flor azul que anda subindo até o teto. Agora, que a nova tomou força e está se espalhando por onde ela possa se apoiar descobri, com encantamento, que se trata de “melão-de-São Caetano”, um mato que dá um fruto amarelo meio ogival e, aberto, tem sementes vermelhas que, em criança a gente abria e chupava aquelas sementes docinhas; um mato-trepadeira que há muito tempo eu não via, e que com a ajuda dos passarinhos, veio nascer um pé aqui na minha varanda, em pleno Rio de Janeiro!
Á noite resolvi cozinhar um jantar. Mas não queria muito trabalho, só uma coisa simples. Só para comemorar.
Há uns três ou quatro meses eu estava com uns sintomas incômodos, não identificados, de diabetes descontrolada, e meus filhos sugeriram ‘depressão’. Foi um equívoco. Mas fui ao médico. E veio artrose com inflamação nos joelhos. Fiz exames. O nível de glicemia acusou 360 trezentos e sessenta, e não pode ultrapassar 100.( ERRATA:mais de 600,ENGANEI-ME).
Só então me dei conta que descuidara da saúde. E veio o temor também.
Seguindo ordens médicas, a glicemia baixou para nível normal de 93 na medição de ontem e de hoje. Obrigada meu Deus.
Voltou à alegria e a compreensão que eu é que tenho de me cuidar, pois filhos amam a mãe, mas não cuidam.
Então resolvi cozinhar algo daquelas coisas gostosas que comprara de manhã e fui fazer um jantar. Vagem? Abóbora? Frango? Agrião? Quiabo? Uma salada? De alface fresco com tomates, limão, sal e azeite? Arroz integral?
Enquanto resolvia, já fui cortando as fatias finas de cebola roxa e alho em pedacinhos fritando em óleo girassol, no fogo brando, e o que acrescentaria ainda sem resolução. Calma, vi os jilós grandes ao lado das uvas vermelhas e das pimentas coloridas. Ação: rapidamente lavei três jilós graúdos e fui picando em pedacinhos. Mais o salzinho, mexer, e a mistura foram soltando aquele cheirinho delicioso... Provei: hum! Nem um pouquinho amargo, ao contrário, perfeito sabor! Nada mais era preciso. Pinguei água, refogou e, pronto!
Para a mesa. Acompanhou uma sobremesa de uma laranja lima descascada e cortada em pedaços. Delicioso tudo.
Perfeito jantar! Hum...
[Obs: VIDE ERRATA E LEIA-SE 360 / MAS JA´BAIXOU P/ 93 E NORMALIZOU].