Essência

Triste é ficar parado vendo o tempo correr brutalmente. Sempre estou atrás de alguma coisa. Procuro me reinventar como se fosse todas as pessoas num corpo só. Gratificante mesmo é ficar deitado, num frenesi de pensamentos loucos e frenéticos. Bom mesmo é a preguiça, sentir o corpo relaxado e não se importar com coisas banais. Ou até se importar, mas não a ponto de doer. Não a ponto de levantar da cama e sair correndo de pijama com o chinelo na mão no meio da noite.

Sou de uma geração bem moderninha, mas confesso que sou bastante velha pra idade que tenho. Talvez essa seja a minha maior qualidade. O gosto antigo misturado com pensamentos atuais. Sou uma pessoa pateticamente quadrada e moderna. Sou irritante, mas sei ser bastante amável também. Vai saber. Sou da geração relatividade.

Minha essência está justamente nos meus devaneios, nas pessoas que passam por mim diariamente e nem se quer notam a minha presença. Sei que posso ser extremamente importante para algumas e descartável para outras. Vivemos entre uma espécie de guerra entre amor e ódio gratuitos. Sobrevive quem for mais forte ou mais sortudo. Sobrevive quem tiver mais poder e falsa humildade. Sinto pena, mas não posso fazer muita coisa. Aliás, eu posso. Sento na frente da minha máquina, do meu computador e provoco minhas tentativas de socorro. As minhas tentativas de mudar um pouco o mundo com algumas palavras dispensáveis. E quando desisto um pouco, volto ao meu tédio, a minha preguiça e aos meus pensamentos antigos, relativos e modernos.