Vital Alves, um sobrevivente
Vivia num contexto cosmopolita e urbano-burguês. Tocava na noite de João Pessoa, estudou teoria musical na Universidade, tinha muitos amigos artistas, foi da turma do Jaguaribe Carne, aquele movimento liderado por Pedro Osmar e Paulo Ro, que deu feras do quilate de Vital Farias, Adeildo Vieira e Chico César.
Hoje ele se esconde numa casinha humilde, num subúrbio da cidade de Itabaiana. Em sua mais que miserável residência, apenas uma cama, um fogão e um taborete. Até o violão, seu instrumento de trabalho, foi roubado. Sobrevive da ajuda de amigos que fez na cidade onde nasceu Sivuca e Adeildo Vieira.
Semana passada recebeu a visita de um companheiro dos velhos tempos, o maestro Luiz Carlos. Reviveram antigas parcerias, tocaram juntos de novo, falaram da vida e de suas variantes que levam um artista a descer ao fundo do poço, olhar pra cima e começar a subir. É o que ele tenta fazer agora.
Passou mais de um ano internado com problemas de dependência química. Quando voltou, recuperado, foi rejeitado pela família. Perdeu tudo no furacão do vício: bens materiais e o respeito dos seus.
O fato é que Vital Alves é um cidadão que está precisando de ajuda. O processo violento e dramático da dependência química o levou à Fazenda Esperança, pelas mãos misericordiosas do padre Luiz Couto. Lá ele diz que encontrou a paz, depois de uma certa dificuldade de adaptação. “Saí das drogas e hoje, aos 45 anos, tento refazer minha vida”, disse Vital. Perdeu a família, interrompeu a brilhante carreira artística, e é precisamente nesta fase de sua vida que vim a conhecer o músico e a pessoa humana Vital Alves.
Tocou na inauguração do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Bela voz, perfeita execução do instrumento, habilidade fora do comum. O virtuose do violão vai dar aulas de música no Ponto de Cultura, juntamente com o saxofonista Arnaud Neto e Jonathas, outro violonista de Itabaiana.
A radialista Clévia Paz está fazendo uma campanha para comprar novo violão para Vital Alves. Vamos promover um espetáculo destinado a levantar grana para adquirir o instrumento, que custa mil e duzentas pratas. Quem quiser ajudar, entrar em contato com Clévia:
cleviapaz@yahoo.com.br