BRAVA GENTE BRASILEIRA

Em 1822 o Brasil conquistava a sua independência como nação livre e soberana perante os demais povos do mundo. Foi um ato de bravura de nossa gente que não mediu esforços para que aquilo se concretizasse, naquele momento. Com o passar dos anos consolidaram-se todos os ideais almejados e traçados naquele dia 7 de setembro. Muito bem! Procuramos na história as razões que levaram Dom Pedro I a declarar a independência e numa análise dessas causas desenvolvemos uma reflexão:

A Independência de 1822 vinha sendo almejada desde 1789 com a Inconfidência Mineira liderada por Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) que defendia o desagrado dos produtores brasileiros em virtude de serem obrigados a enviar à Coroa Portuguesa 1.500 quilos de ouro anuais e quando não eram alcançados, eram cobrados da população de maneira compulsória para completar. Chamou-se de “Derrama”. Também, a Coroa cobrava um quinto do que produziam. Em qualquer atividade produtiva no Brasil eram recolhidos 20% (vinte por cento) a título de impostos que seguiam limpos para Portugal, sem nenhum retorno em benefícios ou benfeitorias para a colônia. Foi apelidado de “quinto dos infernos” por todos os que o pagavam, revoltados. Resultou com a morte de Tiradentes, enforcado e esquartejado no Largo da Lampadoza, na cidade do Rio de Janeiro onde seus restos mortais foram expostos e pendurados em postes nas ruas adjacentes para servir de exemplo e disciplinar os revoltosos com o sistema. Sob pressão do povo, chegou a Independência, a usurpação continuou, tanto é verdade que em 1835 foi a vez dos gaúchos que produziam charque, carne abundante, couro e muitos palpáveis impostos para o Império, sem nenhum retorno, benefício ou benfeitoria, pelo contrário, produziam para abastecer o mercado interno com cotações diminuídas frente ao produto do centro do país que servia para a exportação, além disso concorriam com a produção dos países vizinhos do Prata que chegava mais barato pela falta de taxação de impostos de importação. Acredito que a tributação era em torno do “quinto” antes existente. Resultou na Revolução (armada) Farroupilha, na Proclamação da República (independente) Rio-Grandense, e na Guerra (civil) dos Farrapos que exterminou uma representativa parte da população deixando a Província do Rio Grande do Sul enfraquecida após dez anos de lutas sem resultados.

Hoje, depois de 210 anos da Inconfidência Mineira, marco da primeira revolta contra os escorchantes impostos cobrados pelo “governo”, sem retorno considerável e sem benefícios à população, continuamos a presenciar as mesmas práticas, que nos são explicadas, mas que não nos convencem, deixando nossa população empobrecida, enfraquecida, doente, deficitária em educação, moradia e transporte, sem falarmos de segurança que já se transformou em cotidiana pratica do mal.

O mais importante de nossa observação nos leva a declarar que nossos impostos chegam a “dois quintos dos infernos”, quase 40% (quarenta por cento) e que além de nada acontecer, também não temos perspectivas de melhora.

Brava gente brasileira, tão forte que consegue resistir a tudo isto.