A Perda da Estrela

     Lá no meu subconsciente ainda conseguia ouvir um pouco de tua voz. Saí na noite fria à tua procura.
     Olhei para o céu escuro tentando encontrar a minha estrela. Nessa noite, o céu parecia não gostar mais de mim. A estrelinha que enfeitava as minhas noites solitárias não estava lá. Além do vento frio a castigar a minha pele envelhecida pelo tempo; aquela ausência parecia gelar ainda mais a minha ânsia de viver.
     Sempre sonhara com um jardim florido, todo perfumado, com a alegria das flores a mostrar que vale a pena continuar a viagem.
     Naquele jardim poderia acariciar as tuas mãos, os teus cabelos... Pedir licença aos espinhos da rosa, que pudesse emprestar-me uma pétala perfumada para oferecer-te.
     Mas sonho é sonho; difícil tornar realidade os nossos devaneios.
     E estava eu a divagar naquela noite fria!
     Em vão consultava o celular, na expectativa de encontrar-te na lista vazia. Tal qual o ódio que sentia da noite escura e fria.
     Perdi a conta do tempo que passei perambulando pela note inteira, e, refletindo nas reiteradas perdas ao longo de minha existência. Contentei-me, pois esta perda era mais uma no rol das minhas perdas,
     Estou aqui, agora; refletindo no futuro incerto. Quem sabe uma estrela cadente ou uma estrela guia possa iluminar o meu caminho até o fim dos meus dias na Terra.


     Ribeirão Preto, 29 de julho de 2001.
     11h50 min.