Deus orientado por Nietzsche
O trono do Paraíso está vazio. Deus, em sua forma intrínseca de cada um, está desaparecido. Comenta-se que se hospitalizou em uma clinica psiquiátrica. Será que Deus está doido? Acho que sim. Pelo menos é o que indicam os indícios comentados por seu assessor e gerente de Governança de Hotelaria do Céu.
Tudo começou quando um xiita o chamou de Alá e detonou uma carga de explosivos amarrados ao corpo, matando mais de 200 pessoas. Em nome dele escorreram sangue e lágrimas. Um sunita, a exemplo do primeiro, assassinou um número bem maior e, com mais fervor, se despedaçou gritando o nome do pai.
Lembrou-se que o Vaticano foi presente de um fascista que matou como o aliado alemão. Homossexuais sendo alijados em nome de Deus, discursos preconceituosos depositando nele toda a culpa, por ter feito o sexo para ser praticado apenas entre os gêneros opostos. Mas como? - pergunta o próprio criador, se a sua concepção imaginária é hibridamente formada por fragmentos de tudo que aqui respira.
Negros, após centenas de anos escravizados, ainda são alvos de perseguições racistas, e marginalizados por pessoas que oram e rezam pedindo lugar no céu. Deus pode estar farto de tanta hipocrisia em seu nome. O assalto dos dez por cento dentro das igrejas continua rendendo deliciosos frutos para os comandantes das entidades, sem contar agora a lavagem cerebral via televisão, onde sem o menor pudor tais líderes pedem que o telespectador dominado cegamente pela fé dê tudo que tiver. Houve caso em que o fiel não tinha mais o que doar, então, sugeriu que sua esposa fizesse a parte carnal com o sujeito que diz fazer a conexão com Deus.
Não faltaram também histórias engraçadas, se não fossem trágicas, do homem que, após vender tudo que tinha para ”salvar a alma”, doou seu sangue literalmente: um rim, a medula e, por fim, deixou-se morrer para doar o coração para um alto membro da instituição religiosa.
Deus ficou tão bravo que deixou escapar involuntariamente um vai tomar no... caramba! E sumiu, deixando seu filho como interino e um pombo de nome Divino como assessor especial. O problema agora é que Lúcifer está reivindicando eleições, por alegar que fora expulso da vice-presidência por reivindicar melhorias e abertura para diálogos.
Agora, o próprio Deus, segundo informações, está em estado de depressão e busca ajuda nas teorias filosóficas, Nietzsche é o seu orientador e só assim ele entende a maldição do cristianismo que o filósofo pregava. Sócrates também está por ali com seu manto de aspecto sujo para falar da autoafirmação, coisa que o próprio Deus necessita agora, se ele quiser continuar existindo na essência da espiritualidade.
Enquanto os dois conselheiros do criador divagam sobre esta segunda existência e provoca o grande Pai para repensar o infinito, no céu as repressões são notadas para coibir os ânimos que se exaltam em nome das eleições para um novo Deus. Inclusive Constantino é um dos mais ferrenhos opositores do governo provisório de Jesus, lembrando sempre o que foi o pacto do concílio de Niceia. Mas Nietzsche, convicto, informa ao seu ilustre orientado que o sofrimento é o melhor dos remédios para qualquer tipo de reação, a vitória advém desses momentos. E um novo mundo deve nascer.