A avó e o neto...

A avó e o neto

Todos os dias, pela manhã, o barulho do portão de ferro e o latido dos cães anunciam a chegada do menino. Entra correndo, traz seus cadernos, estojo, lápis e outros complementos.

Seus pais já foram trabalhar e ele precisa da avó para apoiá-lo nos trabalhos escolares.

O moleque é esperto; não precisa de muita ajuda, mas precisa de companhia; e a avó está sempre pronta a escutar as novidades.

Às vezes, chega de chuteira, camisa do seu time do coração e um largo sorriso de campeão.

Vem contar para a avó, que pouco entende de futebol, as peripécias do jogo do dia anterior.

Depois, quer saber o time da avó. Ela diz que só conhece a seleção canarinho. O neto aceita a resposta um pouco desapontado, pois esperava encontrar uma aliada.

Em seguida esquece o futebol e se propõe a fazer os deveres.

Na matemática vai bem. Ele é todo razão. Não entende o que é subjetivo.

A avó percebe que para aquele menino vale sempre o que está escrito. Diferente da neta, com a mesma idade, que é capaz de sonhar com o que está nas entre linhas.

Talvez sejam características especificas de cada sexo

Menino: razão. Menina: sonho ...Será!?

Às vezes o moleque traz trabalhos de pesquisa. Nessas ocasiões: recorta revista, cola, escreve com letras ainda inseguras.

A cada fixa concluída, corre a mostrar seu trabalho. Para ele, obra prima!... A avó compartilha do entusiasmo e o menino se sente forte, poderoso e capaz.

A avó sabe: Todos nós precisamos de incentivo. Alguém que diga: Está muito bom!...Você consegue...

Assim é, e assim sempre será.

Entretanto, o importante deveria ser unicamente a satisfação interior pelo trabalho realizado; sem dar importância a opinião alheia.

Outro dia trouxe o livro de leitura. Ele tem feito progressos consideráveis neste item contrário aos números.

Leu com entusiasmo!

Ao final, queria o conceito da avó, que sentindo o pequeno ainda inseguro na leitura, resolveu dar Bom!

Ele abaixou a cabeça e reclamou:

- Só bom? Por que não foi muito bom? Li tudo certinho.

A avó tenta explicar que aquele era um bom conceito.

- Você fez o melhor que sabia e deve ficar satisfeito por isso.

Mas o menino não se conformava. Queria muito bom!

A avó, tentando contornar, propõe:

- Leia de novo até estar perfeito e aí vou te dar muito bom!

Assim foi feito.

Contudo, a pergunta passeia no pensamento da avó: “Por que temos esta obsessão pelo muito bom!? Porque queremos sempre mais?Porque não somos felizes simplesmente com o que temos e somos?

Lembra, neste momento, as verdades do texto “Felicidade realista” de Martha Medeiros:

(...) Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável (...)A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio(...)

Assim, dia após dia, avó e neto seguem unindo passado e presente

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 25/11/2009
Código do texto: T1943565