Amor sem sentido

Este engodo existe mais do muita gente pensa.

Está presente em qualquer parte do planeta, e não faz distinção de idade. Faz parte do sonho humano, principalmente na parte afetiva.

Assim é que numa noite temperada, nosso poeta encontrou sua musa, numa reunião de amigos. Tudo muito informal. Casa de praia, destas pré-fabricadas, simples e bastante confortável. Todos eram conhecidos, velhos amigos, menos o casal que conversava sentado na grama.

O assunto era viagem ao estrangeiro. Ambos conheciam países europeus, e sempre há quem prefira um ao outro. Os mais velhos adoram a França, sonham com Montmartre, o lado esquerdo do Sena, bares famosos como o Les Deux Magots.

Os mais jovens preferem Londres, mais dinâmica e contemporânea de alguns anos para cá.

- Pois eu acho Portugal muito mais interessante, - falou a moça.

- Engraçado. Também simpatizei muito com Portugal. Lugar onde pode se viver com calma.

- Especialmente no extremo sul. O Algarve é muito bonito, clima agradável, e muito tranquilo.

E a conversa continuou longo tempo, poética, com clima de romance, relaxada pelas excelentes batidas de lima-da-pérsia que um do grupo passou a noite e a madrugada preparando e bebendo. Um violonista não parou de executar solos de músicas conhecidas, mas surpreendeu quando tocou “O Concerto de Aranjuez”.

Foi neste clima que nasceu a paixão. Nasceu e se desenvolveu. Os sonhos, os eternos sonhos que fazem girar o mundo, estavam em pleno desenvolvimento. Casar, ir para o Algarve, talvez Olhão, uma cidade gostosa...

Sonhando, sonhando, tempo passando e nada de união, namoro. Isto cansa; não pode ser indefinido. Até que ela casou e sumiu, foi morar em Nova Iorque. Ele não a viu mais. A última vez que escreveu, contava estar grávida. Caso fosse homem, o nome seria o escolhido por eles, quando ainda faziam planos. Fez questão de dizer que ainda o amava, ele que não a quis.

Não se comunicam há algum tempo, parece que o amor acabou.

Será mesmo?

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 25/11/2009
Código do texto: T1943086
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