Os frutos da mangueira
Hoje me vi observando o pé de mangueira. Algumas folhas amareladas e os galhos vazios.
Há mais ou menos um mês atrás a mangueira estava esplendorosa, repleta de frutos maduros. Dava gosto admirar as mangas douradas brilhando sob os raios de sol. O vento balançava os galhos pesados e as mangas dançavam lentamente, dando a impressão de que poderiam cair no chão a qualquer momento.
A meninada que passava pela rua parava e ficava olhando a beleza dos frutos. Mediam o tamanho do muro que os separavam da mangueira, talvez fazendo um cálculo mental da possibilidade de poderem galgá-lo e assim conseguir desfrutar do sabor das mangas que pareciam bastante apetitosas.
A mangueira estava muito prestigiada. Os donos da casa quase sempre a rodeava em busca das delícias que ela oferecia.
As semanas se sucederam e as mangas foram aos poucos sumindo, até enfim não restar um fruto sequer.
A mangueira exibe agora somente folhas e está abandonada. Não é mais o centro das atenções da meninada e nem de seus donos.
Fico a refletir a respeito da nossa vida. Há momentos também que somos o centro das atenções. Ao ser aprovado em um vestibular, ser aprovado em um concurso, fazer aniversário, ganhar um filho, receber uma promoção no emprego, entre tantos outros fatos. Depois os dias se encarregam do retorno à normalidade e voltamos à rotina segura de nossa vida. É assim também com a mangueira. No ano que vem novamente ela entrará em cena e fará a alegria da meninada e de seus donos.
Nós igualmente. Em qualquer momento uma surpresa poderá nos presentear com grandes afagos e gestos de carinho. Certamente não serão instantes eternizados, todavia poderão ser instantes que se repetirão a cada ano até o momento final da nossa existência terrena.
Depende exclusivamente de nós esse momento de aplausos. Se produzirmos bons frutos que não sejam apenas belos aos olhos, mas saborosos ao paladar, teremos sempre nosso lugar cativo no palco do reconhecimento.