Crônica – Um tiro na cabeça e uma pulga atrás da orelha.
______________________<>_________________

E eis que se me dá, certo sofrimento, quando tenho que ir ao banco, seja por qualquer motivo, pagar conta então!... Conversa inócuas, filas, canseira, etc.!

 Verdadeiramente o banco não é meu lugar predileto, quiçá seja pelo motivo de eu não ter nenhum dinheiro, a não ser aquele que fiz por merecer, e, portanto recebo mês a mês!
Mas, retornando a motivação desta mínima crônica; fui ao banco, lá chegando por volta das dez horas e quarenta e cinco minutos, propositalmente antes deste abrir, querendo acreditar que com isto o encontraria com menor quantidade de clientes, por falar nisto é sempre proveitoso, que seja lembrado ao banqueiro, que cliente é todo aquele que se utiliza dos serviços das instituições bancarias, semelhante ao que ocorre na loja de roupas ou no supermercado e não apenas, aquele que é abastado usuário do sistema financeiro com ricas quantias aplicadas!
E assim sendo, todos os usuários, deveriam receber, a mesma atenção!
 
Já no interior da agencia, naquele espaço reservado para o sofrimento. Digo atendimento eletrônico, encontrei razoável fila de clientes que, careciam dos serviços de orientação que o banco disponibiliza, ou seja, pessoas que não sabem utilizar das dezenas de cartões de auxilio isso auxilio aquilo, e outros clientes que não acompanharam a evolução dos softwares que os bancos disponibilizam a titulo de "facilidades"
Dentre estes, cito como exemplo; meu pai que carece sempre do auxilio de um funcionário do banco, pois, o velhinho se recusa a acreditar que as máquinas dos bancos sejam melhores no atendimento que os seres humanos que as formatam!
Nesta fila que acima apresentei, havia encabeçando a coluna; uma senhora, de aproximados sessenta anos de idade, que em tom de discurso, dizia, da sua ojeriza pelos ladrões, todos eles, sejam os ladrões de colarinho branco, ou dos ladrões de porta de banco que ficam a espreita, querendo roubar o mínimo que tem, os pobres aposentados, assim dizia, ela.

O discurso da senhora, despertou argumentações, variadas e breves discursos de apoio dos seus companheiros da disdita fila, com isto a velhinha indignada, acresceu-se de renovado ânimo e afirmou categoricamente: “Sou a favor de que, pego o ladrão a policia execute-o em praça publica, uma única bala na cabeça é o suficiente, isto de justiça e direitos humanos é besteira!” Disse com aparente conhecimento de causa.
Eu que ouvia, sem ouvir, de repente, tive meus sentidos aguçados e meu ouvido desperto, pela contundência de tal afirmação,  e me senti na obrigação de discutir, outras possibilidades com a referida senhora.
E perguntei-lhe: “Senhora, diga-me: Quem seria o executor? a senhora esta disposta, apenas no discurso, ou se pego o ladrão a senhora daria o único tiro? Em qual região da cabeça a senhora atiraria? na nuca, na testa, n’um dos olhos, onde? E morto o facínora, o que a senhora faria com o corpo? Entregaria a mãe deste, dizendo: mulher eis o teu filho! Silencio se fez, nenhum argumento outro veio ao encontro daquele que eu fizera. 
 A veterana da vida; de coração endurecido pelos embates desta mesma vida egoística na qual esta inserida, calou-se, passando a me olhar com interrogação. Também me calei, nada mais tinha a dizer!
Deixei o banco e rodei algumas quadras de retorno a minha casa, sem que a pergunta na minha consciência fosse respondida! Afinal que chaga é esta que me tortura os sentimentos? Penso! Se o papagaio é biologicamente irmão de outro papagaio, e eles se reconhecem como tal, mesmo no seu primarismo, por que o elemento humano topo da cadeia evolutiva deste planeta, não consegue enxergar o outro como irmão, mesmo que biologicamente?
Quiçá, se compreendêssemos que o ladrão, além de conduzido por sua pequeneza d’alma, facultado por seu primarismo espiritual;  portanto causador de seu próprio sofrimento, também é participe de uma humanidade entorpecida, vaidosa e definitivamente,  mercantilista com suas emoções. É!..  Se assim compreendessemos, seriamos prudentes e deixaríamos de dar tanta ênfase a violência como resposta para a violência!

Secularmente se mata em nome da honra, pelo bem social comum, pela divisão de fronteiras, e assim por diante. Uma sociedade justa, não é necessariamente, uma sociedade em que todos partilham do bem de consumo querido por todos. Entendo que em uma sociedade justa, o sentimento de gratidão, de respeito, de partilha, de desprender  e comungar são estratégias que enobrecem corações e permitem ao homem o postular de uma vida planetária rica e proveitosa, não no discurso, mas na pratica não conflitava.
A sociedade humana precisa de renovação, isto é fato, mas, onde começa esta reforma? Se não, em nossa mente, no destituir de antigas convicções materialistas, dogmáticas que alimentamos milenarmente!


Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 23/11/2009
Reeditado em 25/11/2009
Código do texto: T1940064
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.