Devoção

Esperou a hora da missa

e como acreditava, benzeu-se.

Meio sem jeito, fez o sinal da cruz,

tentou rezar umas rezas;

atrapalhou-se um pouco no Pai Nosso

(talves porque não tivesse pai,

ou, porque não tivesse pão).

Pegou a hóstia, porque

até aquela hora em jejum.

Não ligava muito, porque diziam

que jejuar faz bem ao espírito.

Isso, não sabia. Só sabia,

que fazia mal ao corpo;

dava uma fraqueza danada

(com o perdão da palavra).

Mas, bem que o senhor padre

podia também, dar um golinho

daquele vinho, que ia cair bem.

Só vez em quando, era uma

cachacinha (a moeda que ganhava).

Acabou a missa. Levantou-se

e foi até o velário. Não acendia velas,

mas, esquentava as mãos,

porque com esse frio...

Foi embora, pensando que a igreja

é coisa boa. Não vê, que ela dava

tanta coisa e não pedia quase nada ?

Só entrar, sentar, rezar o Pai Nosso.

Se bem que errava alguma parte

(talves porque não tivesse nem pai, nem pão).

mas o resto, rezava direitinho.

Com devoção. Amém.