O CHARME DE GRAMADO

Nada como passear de mãos dadas com a amada todo feliz e sorridente pelas ruas charmosas e bem cuidadas de Gramado(RS) participando do vai e vem do fluxo turístico constante e enchendo os olhos com o ar de cidade européia que emana de sua arquitetura estilo bávaro, das pessoas bem vestidas em seus casacos, echarpes e demais indumentárias que as deixam elegantes e vistosas, e do seu jeito especial de viver sob o delicioso clima serrano. Embora não existam semáforos em Gramado o trânsito flui na mais perfeita serenidade e os motoristas param os carros tão-logo os pedestres, ao atravessarem as ruas, pisam na faixa a eles destinadas. São raras as exceções nesse aspecto, simplesmente os gramadenses parecem já ter sido educados para seguir essa linha de comportamento civilizada e humana. As rotatórias situadas em pontos estratégicos e as placas com os sinais de trânsito servem de parâmetro para indicar quem tem a preferência de passagem quando aumenta a circulação de automóveis. Não presenciei nenhuma disputa entre carros e pedestres, quase nenhuma buzinada e muito menos discussões por causa do tráfego de veículos.

A Rua Coberta tem aquele charme diferente e especial que somente os que a conhecem e por ela andaram sabem. Os bistrôs, chocolaterias, cafeterias e lojas elegantes que a ladeiam dão o toque atrativo especial para fazer o turista permanecer muito mais tempo em sua aura de encanto lúdico. Muitos casais e grandes grupos visitantes costumam ficar andando sob a Rua Coberta de uma ponta a outra somente para sentir a intensidade de seu elam e a simpatia de seu ineditismo. Alguns apenas sentam nos banquinhos para apreciar o movimento de seus pares, tirar fotos de vários ângulos, fumar e rir enquanto o tempo passa e ninguém se importa com isso. As crianças correm sorridentes e muitas vezes aos gritos de alegria, brincando ante a vigilância atenta dos pais. Há mesas e cadeiras dispostas de ambos os lados por um bistrô/choperia e por um elegante bistrô/cafeteria, de modo que várias pessoas ali são servidas e esquecem as horas tomando chopp, almoçando ou jantando, bebendo café ou chocolate quente e batendo aquele papo descontraído sem hora para acabar.

À frente da Rua Coberta se encontra o portentoso Palácio dos Festivais, onde anualmente acontece o Festival de Cinema de Gramado, no mes de agosto, e para lá acorrem artistas de novela e cinema além de um número sem fim de fãs e turistas dispostos a tirar fotos com eles e obter autógrafos. Penso que o Palácio dos Festivais é um dos locais mais fotografados de Gramado e onde a maioria dos visitantes gostaria de entrar para vê-lo por dentro e admirar suas linhas arquitetônicas soberbas. Apesar de ser o único cinema da cidade não passa filme todos os dias, apenas em alguns dias da semana quando não está ocupado por razões administrativas municipais, sendo ele, mais que isso, uma espécie de ponto nevrálgico para a logística das autoridades durante alguns eventos rotineiros. Uma enorme estátua do Kikito, a estatueta com que são premiados atores e filmes nos festivais de cinema, ergue-se efusiva bem à entrada, como a deixar evidente a vocação gramadense para o cinema.

Não se vê mendigos em Gramado, e a pobreza, se por lá aporta, provavelmente fica segregado aos bairros distantes e escondidos, mas a todo instante é comum depararmo-nos com limusines circulando graciosamente por suas ruas, carrões importados de luxo dirigidos por motoristas particulares, riqueza em muitas lojas suntuosas caríssimas, restaurantes de alta categoria nacional e internacional e diversas casas de foundue a preços nada convidativos. As mansões também pululam em inúmeros condomínios de luxo, e é lá que a Revista Caras mantém, em ambiente privado e altamente fechado, o Castelo de Caras, espécie de nababesca construção destinadas aos vips e famosos, da TV principalmente.

Como já disse anteriormente, Gramado não parece de maneira nenhuma com uma cidade brasileira. Até porque aqui e ali é possível ouvir cidadãos gramadenses conversando em alemão ou em algum dialeto conhecido só por eles mesmos. Parece mais uma ilha paradisíaca no oceano de um Brasil diferente. E como!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 23/11/2009
Reeditado em 04/03/2010
Código do texto: T1938736
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