VOU ESTAR ONDE ME DEIXAREM FICAR !

       Vou ser absolutamente sincero. Não é em qualquer lugar que me sinto à vontade. E olha que já estive presente nos dois extremos.

       Fui a eventos finérrimos, chiquérrimos, sofisticadíssimos, bem como a lugares absurdamente pobres, feios e sujos.

      Mas a grande questão não é a diferença entre o luxo e a pobreza. Aliás, sinceramente falando, o luxo não faz a minha cabeça. O que quero dizer realmente é que me sinto muito bem onde realmente querem que eu fique , onde eu tenho certeza que minha presença está agradando.

      Minha personalidade tem duas características interessantes. Sou extremamente tímido quando sou o foco das atenções, quando estou em destaque ou coisas assim.

     Entretanto, fico completamente à vontade, sem um pingo de timidez e nem resquícios de tremedeiras quando justamente consigo passar despercebido, como uma sombra sem chamar nenhuma atenção e nem despertar qualquer interesse.

     Quem convive comigo pode até contestar essa minha afirmação, pois aqueles que me conhecem de perto sabem que já dei aulas e proferi uma quantidade incontável de palestras.

     Só que nessas ocasiões eu estava onde queriam que eu estivesse. Creio não ser muito difícil entender o que estou dizendo.

    Aqui no Recanto por exemplo sinto-me perfeitamente bem e é como se estivesse em casa, aqui no meu cantinho, quando publico meus escritos e minhas tolas tolices.

   Sou imensamente grato a meia duzia de leitores que permitem que eu invada as respectivas telas dos PC's e desande a mostrar minhas coisinhas, a ouvir vozes lindas e até trocar mensagens e bater papo.

    Locais onde não fui bem recebido e onde não gostaram da minha presença foram vários, não dei importância , fiz o que tinha que fazer e dei o recado que tinha que dar.

    Tenho um amigo que me acha muito introspectivo, muito sério, uma péssima companhia mas não me larga. Ele sempre me diz que sou o melhor entre os piores amigos que ele tem e só me tolera porque eu tenho uma enorme paciência para ouvir seus queixumes quando estamos tomando uma ou duas tulipas de chope.

     Outro exemplo claro sobre um local onde me sinto bem é no barzinho no qual eventualmente me encontro com alguns camaradas.

    Não é um lugar luxuoso, pode até estar incluído na categoria daqueles botecos pés sujos mas, não tenho como explicar o ar de camaradagem e positividade que inunda aquele lugar.

    É de uma simplicidade, de um alto astral realmente contagiante e até eu consigo descer do pedestal da minha seriedade e contar algumas piadas.

    Teve até um dia em que me arrisquei a cantar o “Eu sei que vou te amar” no karaokê. Não me lembro de ter visto nenhum cliente reclamando e até recebi uns tímidos aplausos de um bêbado que estava caído nos fundos do bar.

    Atendendo a insistentes pedidos, não cantei mais nenhuma música. Então é isso. Vou estar sempre, ou procurar ficar sempre onde quiserem que eu esteja.

    Seja no luxo ou simplicidade, embora eu prefira a simplicidade, vou ficar onde quiserem que eu esteja. É simplesmente constrangedor, terrível mesmo quando você sente que não está agradando.

    E pior ainda é quando você tem que procurar uma desculpa desesperada para ir embora e só para ilustrar, lembro-me de um aniversário de criança em que fui com a patroa.

    Foi na casa de um vizinho que mal me cumprimentava mas a patroa se dava muito bem com a vizinha. Pois bem, na hora de cantar parabéns para a aniversariante , ao recuar para dar passagem para as crianças ficarem mais próximas da mesa do bolo eu simplesmente esbarrei na outra mesa enfeitada com bombons e chocolates que não resistindo ao impacto foi ao chão exatamente no momento em que as luzes se apagaram para que todos começassem a cantar e bater palmas.

    É claro que a cantoria foi interrompida, as luzes foram acesas e todos os olhares presentes me fulminaram.

    E o pior é que eu tinha acabado de, às escondidas, ter pego um docinho na mesa . A minha grande sorte é que sei sorrir amarelo e então coloquei o docinho no bolso, que amassou evidentemente, e muito sem graça, ajudei a consertar o estrago.

    A festa continuou mesmo porquê em festa de criança vale tudo e pode tudo mas, sinceramente, senti na pele inúmeros olhares dardejantes e cortantes e, tão logo foi possível dei uma desculpa que ia atender ao celular e me mandei prá casa.

    Dias depois descobri o docinho todo amassado no bolso da minha calça. Querem um conselho ? Procurem sempre estar em lugares em que realmente as pessoas queiram que estejam......


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(.....imagem google.....)



               

                                                



 

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 20/11/2009
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T1934509
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