SER OU ESTAR? EIS A QUESTÃO
O que é ser diferente no mundo moderno? O que significa a diferença, numa sociedade que enxerga o exterior como ponto fundamental do ser humano? Qual é o peso de estar fora dos padrões estabelecidos pela crítica cruel, que aponta o dedo para ações, batendo o martelo da injúria, sem estar ciente de todos os lados das situações?
O que é ser deficiente físico? Carregar o estigma da incapacidade de interagir no contexto social? Portar uma limitação orgânica, como quem porta momentaneamente um objeto, prestes a ser entregue a alguém? Permanecer definitivamente com o que o senso comum convencionou chamar de defeito, sendo que, todo defeito é passível de conserto?
Talvez a questão não seja o "ser", mas o "estar". Talvez não sejamos diferentes, mas estejamos diferentes, já que a vida é um evento cíclico. Talvez sejam as deficiências, ferramentas que demonstrem que a diferença é uma condição natural de todos nós, e que todos nós estamos fadados a mudar constantemente o modo de ser, agir ou pensar em relação ao outro, por mais difícil que seja. Há quem não aceite a deficiência. Há quem não a veja como condição de aprimoramento moral. Há quem diga lutar contra ela, a fim de debelá- la, sendo que o melhor talvez seja conviver com ela, buscando melhorá - la.
Não há como fugir da deficiência. Ela está presente. Não sei entretanto, até quando ela é vista como tal, já que tudo é uma questão de adaptação. Uma vez adaptado, o deficiente muda o jeito de encarar sua situação, olhando apenas o fato de ser diferente do padrão.
É preciso saber que ser deficiente é carregar consigo uma série de limitações. Mas, quem não é limitado na sociedade? Algumas pessoas não andam, outras não enxergam, outras tantas andam com dificuldade...
Tudo absolutamente normal. Há quem ande sempre pelos mesmos caminhos, faça tudo do mesmo jeito, esperando alcançar um resultado diferente, coma as mesmas coisas, vista as mesmas roupas... Há quem escreva, quem faça contas, quem administre empresas, venda pastel...
Ser ou estar? eis a questão. Tudo parte do entendimento, da informação bem digerida, da análise aprofundada do que somos e daquilo que seremos, porque somos o que queremos e seremos o que quisermos ser, olharemos o que quisermos ver. Será sempre assim.
E o mundo insiste em pregar a igualdade sendo diferente, tentando aceitar a diferença, desejando que todos sejam iguais e querendo vencer o preconceito, conceituando a tudo, antes de raciocinar, porque o que se vê, não é o que é, porque o que é, está dentro do ser.