A torcida pela menininha (2)

Finalmente quem teve o gostinho da vitória fui eu. Nasceu Antonio Augusto, mais um para completar os dedos da mão a contar meus irmãos. Logo foi apelidado de Toninho. D.Laura podia sair sossegada, nós nos ocupávamos dele. Um fazia a mamadeira, outro trocava as fraldas, outro cantava para ele dormir. Mas também aconteceu de nos distrairmos em conversas, heróis e mocinhas, e o deixarmos molhado e faminto por muito tempo. Nessas horas ele punha a boca no mundo e a gente até pensava que estivesse doente. Só depois é que nos lembrávamos...

Em compensação, mais tarde ele não teve do que se queixar. Sempre encontrava alguém disposto a levá-lo para onde quisesse. Festinhas de aniversário, cinema, teatro, parque. Com ele vi duas vezes Se Meu Fusca Falasse. Mais de uma vez o levei ao Salão da Criança.

Tudo isso ele achava bom. Só não gostava quando eu ia buscá-lo em casa de algum amiguinho e os adultos diziam: sua mãe já chegou. Ele resmungava, mas ninguém escutava e continuavam a pensar que eu fosse mesmo sua mãe. O mesmo acontecia quando Paulo o acompanhava, todos pensavam que fosse seu pai.

Quando grandão, já universitário, ele se vingou direitinho de nós. Gostava de fazer reuniões, enchia a casa de amigos. E toda vez que nos apresentava, dizia: esta é minha irmã, mas poderia ser minha mãe. Este é meu irmão, mas poderia ser meu pai!

Imaginem o susto que a rapaziada levava!