COMO POSSO SER FELIZ?



Céu azul, nuvens falsas, vento fraco

Saudade de tudo
Um tudo que é tanto que perde o encanto
 (...)
Yasmine Lemos)
 
 
 
Palavra que eu gostaria de chegar neste espaço e iniciar o texto desejando bom dia para em seguida falar de amenidades, desprezando assim, tudo que encerra preocupação. Falar até do quanto pode ser agradável você sofrer de insônia e só conseguir dormir,  após o último bombardeio de más notícias e da oração na TV do bispo Edir Macedo e acordar às cinco horas da manhã com a sinfonia dos pardais anunciando o alvorecer ou com a tosse de cachorro do vizinho lembrando com o seu cof cof que fumar não faz bem pra saúde ou ainda pelo som do rádio, volume todo aberto, espalhando pelo éter o trinado sonoro de uma dupla sertaneja ou até pelo som distante da descarga de um vaso sanitário, que pela pontualidade lembra as pílulas de vida do Dr. Ross
 
Mas qual o quê, não existe clima para a gente ser feliz e extravasar essa felicidade sem ser assaltada por um sentimento de culpa, de remorso, sei lá o quê.. Como você pode ser feliz se os berrantes números estatísticos da miséria alheia estão estampados nas folhas. Como você pode enxergar felicidade quando salta aos olhos a constatação de que no banquete político está sentada muita gente com boca e mãos sujas e que, com o nosso voto sairá do meio dela os que conduzirão os destinos desta brava nação. Como você pode distribuir felicidade quando não passa de uma fera acuada dentro de sua própria casa vendo o sol nascer quadrado por conta das grades que o cercam para protegê-lo da bandidagem que campeia mundo afora livre, leve e solta.
 
E assim,vos digo: em se tratando de felicidade,  a eterna interrogação continuará a preocupar  as cabeças que meditam e as imaginações que cismam. E, feito Rui Barbosa, indago: onde está a felicidade? No amor ou na indiferença? Na obediência ou no poder? No orgulho ou na humildade? Na investigação ou na fé? Na celebridade ou no esquecimento? Na nudez ou na prosperidade? Na ambição ou no sacrifício?
 
É... Agora, esta criatura penseira que sou, vai se recolher ao pensatório para ruminar sobre o que disse Horace Walpole: “A vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem”.

Será...?

 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 20/11/2009
Reeditado em 20/11/2009
Código do texto: T1933806
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