Imagem: Triunfo de Vênus - Agnolo Bronzino
Música: Ópera 25 - Chopin

 
Ouvir e falar
 
A natureza é sábia, o homem é que contraria as suas regras. Os cientistas e os sábios não são criadores, eles somente trazem à tona os segredos da natureza. Ela é a fonte criadora de tudo. O homem, como ser pensante da natureza, possui apenas três capacidades: a de conhecer, a de transformar e a de destruir.

A natureza deu ao homem um aparelho auditivo duplo e um aparelho fonador único. Guardado essa proporção, ele deveria ouvir duas palavras para pronunciar, tão somente, uma. O grande problema é que todos querem exercer o direito de falar e não o dever de ouvir.

No mundo atual, quem ouvem são os ouvidores e os terapeutas pagos para ouvir. Ouvir, através do dialogo, se tornou um artigo de luxo vendido a preço elevado e a prazo, com prestações a perderem de vista. Nessa transação, o homem está sempre em débito, nunca com crédito.

A arte de ouvir é ser receptivo ao que o outro tem a oferecer. Num diálogo quem fala doa e quem ouve recebe. Mas, ninguém reconhece isso e acredita que falar é impor conhecimento e respeito. O verdadeiro conhecimento e respeito é saber ouvir e tirar as conclusões da fala do outro em benefício de todos.

O indivíduo que somente quer falar e não tem paciência para ouvir é um ditador, um impostor, um tagarela inútil. O sábio é aquele que ouve milhares de palavras e emite apenas uma frase se lhe for solicitado.

O mal do mundo são os papagaios louros de bicos dourados, das palavras fáceis que encantam e fascinam. A palavra fácil e doce embriaga o falante, seduz o ouvinte e arruína o mundo.

O falso líder, com suas palavras persuasivas, conduz a multidão e as suas decisões são tomadas em benefício próprio. O verdadeiro líder ouve a multidão para depois tomar decisões, não em benefício próprio, e sim a favor da maioria.
 
A criança, fase de maior beleza e pureza da vida humana, antes de aprender a falar, aprende a ouvir. Aliás, a criança é a maior lição que a natureza nos oferece, ela somente reproduz através da fala aquilo que, em primeiro lugar, ouviu. 

 Até quando o ser humano não reconhecer a natureza como a grande mãe e fonte de sábios ensinamentos, ele continuará vitimado pelo seu próprio egoísmo em falar de mais e ouvir de menos.

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Roberto Pelegrino
Enviado por Roberto Pelegrino em 20/11/2009
Reeditado em 29/05/2012
Código do texto: T1933733