SOCIEDADE CIVILIZADA!
SOCIEDADE CIVILIZADA!
Se essa realmente o fosse, absurdos não aconteceriam rotineiramente todos os dias, como se fossem perfeitamente normas e ninguém se importa
e ninguém toma conhecimento e “todos passam de largo!”
E desgraçadamente os homens (homem e mulher) somente se lembram que fazem parte de todo um contexto social, quando são atingidos por uma
grande desgraça. Seja pela perda de um ente querido; seja pela perda da fortuna; seja pelo roubo; seja pelo fim do casamento; pela queda do
poder, mas, não precisaria ser assim, se essa fosse uma sociedade civilizada!
De modos, que o chamado Pai da Medicina, Hipócrates, não precisaria ser tão enfático nem tão crítico quando asseverou: “a vida é curta; a arte é
longa; a ocasião fugidia; a esperança falaz e o julgamento difícíl!”
É crível, por exemplo, a sociedade aceitar o que por exemplo hoje, me deparei?
E com o que me deparei hoje?
Com aquele tipo de imagem que forçosamente fica se repetindo contra a vontade sem uma explicação plausível, ou por uma lógica qualquer, como
a me fazer provar a minha impotência perante o mundo; a minha incapacidade perante as coisas e a indiferença com que as pessoas vivem suas
estúpidas e grosseiras existentes. E eu não me estou isentando de culpa...
Não sou daquela região, mas, ali pelo início da avenida João Dias, fica lá um mendigo sentado pelas calçadas e fiquei estupefato com o cheiro de
carniça no ar, já a cerca de 10; 15 metros do pedinte, deficiente mental, quero crer, mas portava um relógio em um dos pulsos. Mesmo na pressa
não pude deixar de observar uma espécie de bandagem improvisada em plástico e finas cordas envolvendo sua perna esquerda e logo acima
daquele arremedo de curativo, um imenso buraco quase transfixando-lhe a perna. Com efeito, era dali que partia toda aquela podridão, os
transeuntes passavam indiferentes, ao cheiro e ao mendigo. Inclusive, algumas moçoilas que saíam provavelmente de um colégio ali perto,
brincando, passaram ao lado e nada sentiram... nada observaram!
Estragou o meu dia!
O que poderia eu fazer?
Poderia eu fazer alguma coisa?
A sociedade não pára para observar e eu também não parei!
Mesmo porque onde encontrar uma assistente social aquela hora do dia e se a encontrasse ia esse senhora ou esse senhor cuidar de um
abandonado, de auxílio a um condenado a própria sorte?!
E ficou lá o homem apodrecendo em vida!
Obviamente vai morrer e não vai ser muito rápido e aquela ferida vai putrefar ainda mais e vai gangrenar e com muito sorte, vai aparecer alguém
mais sensível, vai interná-lo e arrancar-lhe àquela perna, caso contrário, as moscas farão esse serviço de amputação a sua maneira. Exceto que
tirarão a perna e o corpo todo...
Mas, estou falando tudo isso, porque numa sociedade civilizada, haveria solidariedade e o primeiro impulso social, seria inevitavelmente para
socorrer o amaldiçoado da sorte, como aquele sujeito, definhando em via pública, apodrecendo em vida, incapaz de coordenar seus pensamentos
e ainda assim, menosprezado pelo povo.
Já parou para pensar?!
Um dia aquele sujeito foi bebê, teve uma mãe que o amamentou e sonhou um futuro cheio de felicidades para ele, (a não ser que em caso
contrário, tenha saído de uma chocadeira), foi criança, brincou, teve amigos, e hoje, vai saber se pela quantidade de desgostos que suportou se
rendeu as intempéries, desistiu, admitiu a derrota e optou pelas calçadas, mas, um dia fez parte de tudo isso e quem sabe, também ignorou um
mendigo?!