ESSA TERRA TEM DONO
ESSA TERRA TEM DONO
O fazendeiro, de látego na mão disse:
Essa terra tem dono! Só que pensaste diferente e provaste que não é bem assim.
Só que agiste diferente e mostraste que falar assim é ruim.
Essa terra tem dono!
Bradaram em alto tom, o latifúndio, às vezes, confuso, o minifúndio, e o sistema, achando eles que estavas ou que te achavas só.
Esqueceram de ver que tua face ressequida pelo tempo, sofrimento, um sudário, confundia-se noutras faces.
Essa terra tem dono!
Assim gritou a polícia, braço armado, violento e truculento do Estado insano, ainda assim, mesmo com certo medo ousaste resistir...
E nessa resistência fizeste e fazes a diferença ensinando a importância do gesto da paciência, de resistir, lutar.
Lutar por outro dia, pleno, cheio de alegria, colheita, chão e pão.
Pão partilhado em caminhos trocados ou descaminhos palmeados que nos alegram o coração, garantem conversão, união.
União que prova ser possível o ato de resistir para depois produzir... Criar laços comunhão.
Essas terras já têm dono!
Gritaram todos em voz retumbante e uníssona em resposta ao tempo novo!
Tempo que se faz vida noutra vida que gera fruto de libertação, gera nova terra, consciência, paz justiça e pão.
Esta terra já tem gente! E é nela que plantamos sonhos, o pão, semeado e repartido na luta nossa de cada dia, de todo o dia, na luta nossa de irmão, na nova luta, renovação.