DIAS DE CALOR

O Solstício de verão se aproxima, o homem que caminha pela estrada escaldante de terra vermelha se sente cada vez pior; o Sol parece querer derreter os miolos, não há uma árvore onde possa se abrigar dos raios poderosos do astro rei, não há uma sombra de nada, apenas a própria sombra do homem que caminha pela estrada de terra vermelha. Ele segue quase sem forças para prosseguir, o suor descendo pelas costas encharcando a camisa, o rosto vermelho queimado e ressecado não expressa nenhum sentimento, sua face, esculpida pelas facetas do tempo, parece congelada em um momento único, momento esquecido por todos, mas, escrito em letras de fogo na sua alma cansada e dolorida.

O sonho, para ele, acabou! Agora o que resta é apenas a realidade, e ela lhe mostra sua lâmina afiada e cortante que adentra as entranhas arrancando gemidos que ecoam pela noite fazendo calar o mais doce canto.

Seus passos deixam marcas na poeira dos dias, marcas que o mais leve soprar de uma simples brisa encobre para toda a eternidade. Marcas efêmeras que não suportam o badalar das horas. Ele escreveu sua história no ar, derramou suas lágrima no oceano de todas as lágrimas; e agora caminha solitário, buscando o conforto da natureza que lhe nega o mais simplório dos desejos. Segue rumo ao poente, sem porque nem pra que, sem esperanças, sem passado e sem futuro... Apenas segue. Nesse dia quente de verão, onde o Sol parece querer abreviar seus dias.

marcos villa verde
Enviado por marcos villa verde em 19/11/2009
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