Madeleine, a criança que sumiu num quarto de hotel

Há tempos queria falar de ti, Madeleine, que sumiste, ou melhor sumiram com ti, sem deixar pistas, sem deixar vestígios. Primeiro alardearam que foi um sequestro. Depois a dúvida, as perguntas sem respostas. Há tempos queria falar de ti Madeleine, para dizer-te que esteja onde estiveres, e provavelmente estejas morta, que és filha do primeiro mundo, mas que sumiste como nossos pequenos somem por aqui. E aqui se some de bala perdida, se some sem socorro nas portas dos hospitais, se some pela falta de remédios, se some pela acão da fome, se some pelas mãos e balas dos justiceiros, se some drogados nas esquinas, se some vendendo bagulho para o tráfico, se some tomando safanão da polícia, se some de tantos incontáveis jeitos que nem dá pra enumerar.

E assim sumiste, Madeleine, como tantos somem por aqui! A diferenca é que os que somem por aqui é que apesar de dilacerados a gente ainda encontra o corpo, crivado de bala, abandonado em algum lixão, floresta ou terreno baldio.

E, ti, seu pobre corpo desapareceu! E apesar das investigacões, ninguém sabe dizer o que naquele quarto se deu! E asssim sumiste! Um beijo, uma flor jogada ao mar, um poema e adeus!