Palavra Maldita é Melhor Calada

Uma palavra voa ao vento. De onde ela escapou? - Pergunto ao tempo - Quem a escreveu? Quem a falou? O que será que ela carrega em suas asas?

O Tempo, Mestre Sábio, nada diz, apenas observa, e eu entendo, e sigo o exemplo do Tempo e observo essa palavra carregando intenções que não entram na janela da minha alma. De longe, ela parecia ter asas; de perto, ela tem jeito de pedra na cara. Quem quer que a tenha soltado, não se deu conta que a reverteu com sombras, mágoas e preconceitos. Pode até ter dito com boa intenção, mas sabemos do que o inferno está cheio.

Pena para que te uso? Palavra para que te quero? Nesse mundo em que tanta gente trabalha para a Banda do Escuro, quem doma a palavra deveria lutar pela Banda do Claro. Escrever, falar em público é um poder; e como todo poder, pode corromper; podemos nos enganar e erroneamente entender que estamos no caminho das palavras benditas, por isso, quando escrevo, penso bem se não há nos meus escritos, alguma frase maldita; alguma frase que provoque em quem me lê, mais preconceitos e maldades; pois nisso, o país já possui muitos mensageiros, ainda mais numa cultura onde ninguém aprecia uma leitura.

Esses dias, fiz um pedido impossível e pedi a Deus que a grande maioria dos brasileiros aprendessem a gostar de ler; pois lendo, eles poderiam interpretar o mundo em que fazem parte; e criar uma visão individual de mundo baseada em sua realidade; mas esqueci de pedir algo mais plausível: clareza nas mãos de quem produz escritos!

Clareza não é apenas uma palavra bem formulada, frase estrategicamente bem feita; qualquer fanático pode escrever um texto com começo, meio e fim, ou com contexto e coesão. Clareza é saber que o que se escreve ou o que se fala, pode atingir milhares de pessoas, ainda mais se for texto escrito ou áudio dito na internet. Clareza é saber o poder que a sua palavra pode acumular e se ela começar a provocar um tsunami de reações negativas, a intenção de esclarecer não foi atendida, e passamos a fazer parte do time que solta palavras ao ar e diz que nada daquilo era o pretendido.

Por isso, sigo os conselhos de um escritor amigo, e sempre penso muito bem antes de postar um texto, de compartilhar uma idéia, uma crença ou um palpite. Justamente por eu não saber para onde vai uma crônica ou qual o caminho de uma poesia, é que a responsabilidade aumenta ainda mais na minha escrita.

E o destino das minhas letras?

Sim, quero o meu leitor sorrindo. Óbvio que desejo que ele se esclareça, mas se a palavra que soltei ao vento não alcançar o seu destino, peço ao Tempo, que ao menos, o que escrevi não aumente as tormentas dos preconceitos.